História de leão que fugiu em Serrinha é MENTIRA

Por Redação
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Foto: Ilustração

Apesar de não ser novidade, a circulação de informações não verificadas e de boatos ganhou muito mais influência desde que as redes sociais passaram a ganhar relevância. Mais um desses casos clássicos de pessoas – e até mesmo canais de comunicação – que acabam tendo um comportamento equivocado ao repassar algum tipo de informação sem ter a certeza se aquilo é verdadeiro ou falso aconteceu neste fim de semana na região do município de Serrinha.

Bastou que dezenas de animais de criação fossem encontrados mortos na comunidade Boa União, no limite entre os municípios de Serrinha e Ichu, para que começassem a circular em grupos do WhatsApp mensagens afirmando ter se tratado de um leão que estava sendo transportado em um caminhão do Circo Picolino. Segundo informações propagadas nas redes sociais e até mesmo em alguns sites e blogs da região, o caminhão do circo teria quebrado na rodovia BA-409, ao passar pelo município de Serrinha com destino a cidade de Senhor do Bonfim, quando o leão ‘teria aproveitado um vacilo do motorista para fugir’. Até mesmo o áudio de um homem se passando por motorista do caminhão e, consequentemente, funcionário do Circo Picolino, informando sobre a fuga do animal chegou a circular nas redes sociais. Não é verdade.

Alguns sites e blogs da região ainda chegaram a publicar uma foto ‘fake’ para convencer os leitores de que o suposto animal estaria circulando pela rodovia em Serrinha durante a noite. É novamente mentira! Trata-se de um leão-baio flagrado andando em uma rodovia do estado de Santa Catarina. O registro foi feito em janeiro de 2013. (veja aqui)

Coordenadora do Circo Picolino esclarece o caso

A coordenadora pedagógica do Circo Picolino, Simone Requião, esclarece que desde quando foi fundada há 33 anos, em Salvador, a Escola Picolino de Artes do Circo é voltada ao ensino das artes circenses e que nesse período nunca utilizou nenhuma espécie de animal. “Nunca na história do Circo Picolino foi utilizado qualquer espécie de animal, sequer um cachorro ou uma pulga. Todas as nossas atividades são desenvolvidas com base em técnicas circenses como malabares, trapézio, acrobacia e saltos ornamentais, entre outras. Já com relação aos espetáculos, ao final de cada período realizamos apresentações, exclusivamente em Salvador, e com os próprios alunos do projeto, que são crianças com idade entre 7 e 17 anos, de comunidades da periferia”, explica.

Segundo Simone, outro fato que ajuda a desmentir as falsas notícias é que o circo não é itinerante, e que a última viagem feita ao interior ocorreu há mais de dois anos. “Atualmente existe um projeto sendo desenvolvido no Vale do Jiquiriçá, na região sudoeste da Bahia, por Anselmo Serrat, que é diretor-fundador do Circo Picolino, mas também é voltado para aulas de circo”, esclarece Simone, afirmando que o caso deverá ser apurado pelo departamento jurídico do Circo Picolino. “É uma situação desagradável e que pode trazer prejuízo à imagem do circo. Por isso, vamos averiguar o caso e tomar as providências cabíveis”, alerta a coordenadora pedagógica.

Animais mortos podem ter sido atacados por cães ao invés de leão

Embora alguns moradores da comunidade Boa União afirmarem ter visto o leão, o agricultor conhecido como Roque de Marcelino, que encontrou cerca de 30 ovelhas mortas em sua propriedade na manhã de sábado (29), disse acreditar que os animais foram atacados por cães, o que é muito comum acontecer na região. Aliás, Roque conta que perdeu mais de cem ovelhas nos últimos 18 meses, sem contar com animais de outras espécies.

Para o veterinário Cassio Fiuza Carneiro, que é o secretário de Agricultura de Serrinha, a versão de Roque é a que mais condiz com os fatos. “Estamos acompanhando o caso juntamente com o Ministério Publico Estadual e as polícias Civil e Militar e, diante de tudo o que foi apurado até o momento, o mais provável é que essas criações tenham sido mortas por cães. Com relação ao leão que teria sido visto por moradores da Bela Vista e pelo motorista de um frigorífico da região, por se tratar de um animal de grande porte e com calda felpuda, não descartamos que tenha sido uma suçuarana, ou até mesmo uma jaguatirica, que também são animais de hábitos noturnos. Mas não há nada que confirme oficialmente a aparição desses felinos até o momento”, comentou.

Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação do 16º Batalhão de Polícia Militar, sediado em Serrinha, informou que a corporação foi procurada por um agricultor denunciando que teve animais de criação mortos, mas não houve nenhum registro de queixa relacionado à fuga ou aparição do leão até a manhã desta segunda-feira (1).

(Informações do Notícias de Santaluz / Por André Luiz e Rubenilson Nogueira / Fotos reprodução e Margarida Neide | Ag. A Tarde)

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