Grupo em situação de escravidão se nega a deixar fazendas ligadas a seita que garante proteção contra fim do mundo

Por Redação
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Trabalhadores mantidos em fazendas não recebiam salários (Foto: Reprodução EPTV)

Os 22 trabalhadores encontrados em condições de trabalho análogas à escravidão na Bahia durante fiscalização do Ministério do Trabalho se recusaram a deixar as três fazendas ligadas a seita religiosa que “garante proteção contra o final do mundo”, segundo informou o órgão.

A operação “Canaã – A Colheita Final” investiga desde 2011 a seita conhecida como Comunidade Evangélica Jesus, a Verdade que Marca.

De acordo com o coodernador da ação, o auditor-fiscal do Trabalho Marcelo Campos, os trabalhadores se negaram a abandonar os locais, mesmo em condições irregulares detectadas pela fiscalização, porque são convencidos pela seita de que devem permanecer.

“Eles não tinham qualquer direito laboral. Não tinham carteira assinada, nenhum direto trabalhista. Não recebiam nada para trabalhar, apenas lugar para dormir e comida”
A maioria dos trabalhadores encontrados são de São Paulo, onde a seita religiosa recruta pessoas, para distribuir em locais de trabalho.

“Elas se negaram a sair porque ali é uma comunidade religiosa, que garante proteção contra o final do mundo”
Foram autuadas as fazendas Nova Esperança, no município de Wanderley, no oeste da Bahia, e as fazendas Rio Verde e Juazeiro, em Ibicoara, na Chapada Diamantina. Com a autuação, o órgão determina que os direitos trabalhistas sejam cumpridos e que as empresas encaminhem as vítimas aos locais de origem.

A ação também ocorreu nos estados de Minas Gerais e São Paulo. No total, em todo país, foram encontrados 565 trabalhadores em condições análogas à escravidão.

Segundo Marcelo Campos, depois da ação, o Ministério do Trabalho fará o cálculo das verbas trabalhistas que as vítimas têm direito e vão encaminhar as informações para a Justiça do Trabalho, para substanciar ações sobre o caso que já estão em curso.

Operação
No dia 6 de fevereiro, duas pessoas foram presas na cidade de Luís Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia, durante mais um desdobramento da operação. À época, a ação também foi deflagrada em Minas Gerais e São Paulo. Ao todo, 13 pessoas haviam sido presas.

Os detidos na Bahia, que são suspeitos de liderar a seita, foram levados para a sede da Polícia Federal em Barreiras, a cerca de 90 km de Luís Eduardo Magalhães. As identidades deles não foram divulgadas pela polícia, já que as investigações ainda continuam.

Uma churrascaria, cujo nome não foi divulgado, foi interditada em Luís Eduardo Magalhães. O estabelecimento supostamente pertence a um dos líderes da seita. Também foram resgatadas pessoas que estavam em situação semelhante ao trabalho escravo em três fazendas na mesma cidade. O número de trabalhadores resgatados não foi informado.

A seita é suspeita de manter trabalhadores em situação semelhante ao trabalho escravo em propriedades rurais e empresas em Minas Gerais e Bahia, e também de se apoderar de todos os bens das vítimas.

A investigação apontou que, em três anos, os líderes da organização “Traduzindo o verbo: a verdade que marca”, antes conhecida como “Comunidade Evangélica Jesus, a verdade que marca”, aumentaram em três vezes o número de integrantes.

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