O Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, localizado em Ilhéus, tornou-se a primeira unidade no estado da Bahia habilitada a oferecer atendimento especializado aos povos indígenas de toda a região. A portaria que concedeu essa habilitação ao HMIJS, uma unidade da Secretaria Estadual da Saúde gerenciada pela Fundação Estatal Saúde da Família (Fesf), foi assinada pela ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima, em 11 de março e publicada no Diário Oficial da União em 13 de março.
Segundo a secretária estadual da Saúde, Roberta Santana, a especialização do Hospital Dr. Joaquim Sampaio para atender aos povos indígenas representa um grande avanço na saúde pública da Bahia. Ela ressaltou o compromisso em oferecer serviços de saúde que respeitem a diversidade cultural e atendam às necessidades específicas dessas comunidades, garantindo acesso, humanização e qualidade no atendimento. Santana enfatizou que essa iniciativa é fundamental para promover o bem-estar de todos os baianos.
Com a aprovação do Ministério da Saúde, o Hospital Materno-Infantil iniciará imediatamente a implementação das diretrizes gerais do programa. Isso inclui melhorar o acesso das populações indígenas ao serviço especializado, adequar a ambiência do hospital de acordo com as especificidades culturais e ajustar as dietas hospitalares considerando os hábitos alimentares de cada etnia. Além disso, a iniciativa visa acolher e humanizar as práticas e processos de trabalho dos profissionais em relação aos indígenas e demais usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), levando em consideração a vulnerabilidade sociocultural e epidemiológica de alguns grupos.
De acordo com o projeto, também está previsto estabelecer um fluxo de comunicação entre o serviço especializado e a Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena, por meio das Casas de Saúde Indígena (Casai), e qualificar os profissionais que atuam nos estabelecimentos que prestam assistência aos povos indígenas em temas como interculturalidade.
A diretora-geral do HMIJS, enfermeira Domilene Borges, ressaltou que a conquista de habilitação para atender aos povos indígenas foi resultado de um plano de ação que envolveu diversas etapas e entidades, incluindo o Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi). Borges reconheceu o papel fundamental da diretoria da Fesf-SUS, da secretária Estadual da Saúde, Roberta Santana, e do governador Jerônimo Rodrigues na condução dessas etapas.
Além das questões burocráticas superadas, equipes do hospital passaram a visitar aldeias, interagir com as comunidades e realizar um grande mutirão para oferecer serviços clínicos às mulheres e crianças da etnia Tupinambá, que habitam a região sul da Bahia. Durante o ano passado e janeiro deste ano, o HMIJS prestou atendimento à população indígena com 661 atendimentos de emergência para adultos, 468 na Emergência Pediátrica, 28 internações no Centro de Parto Normal, 41 na pediatria, 67 na obstetrícia cirúrgica, 114 na obstetrícia clínica, 28 na obstetrícia de alto risco e 50 atendimentos no ambulatório.
Com quase 1,7 milhão de indígenas no Brasil, a Bahia possui 229.103 indígenas, o que representa 1,62% da população do estado. Salvador é a segunda capital brasileira com mais indígenas. Porto Seguro e Ilhéus também estão entre as cidades com maior comunidade indígena no país. Entre 2010 e 2022, houve um aumento de 88,8% no número de pessoas que se autodeclararam indígenas em todo o Brasil.
O Hospital Materno Infantil Dr. Joaquim Sampaio possui 105 leitos destinados à obstetrícia, gestação de alto risco, pediatria clínica, UTI pediátrica, UTI neonatal e centro de parto normal, integrados à Rede Cegonha e atenção às urgências e emergências, funcionando 24 horas por dia com acesso por demanda espontânea e referenciada de parte significativa da região sul da Bahia. O investimento total do Estado foi de cerca de 40 milhões de reais, entre obras e equipamentos. Em dois anos e três meses de funcionamento, o hospital já realizou mais de 6 mil partos e 13 mil internações.
Fonte: Ascom/Sesab.