O período letivo da Uesb começou com uma novidade significativa: a primeira entrada de pessoas trans (transsexuais e travestis) na Universidade por meio das Cotas Adicionais. O acesso de transsexuais e travestis ao Ensino Superior é um assunto relevante no contexto da inclusão educacional e garantia de direitos iguais. Apesar de não terem sido incluídas na revisão da “Lei de Cotas” promulgada em 2012, proposta no ano passado, as pessoas trans estão conquistando espaço através das reservas de vagas adotadas de maneira independente por diversas instituições. Um exemplo disso é a própria Uesb, com um processo seletivo exclusivo para acesso e inclusão.
Conforme destaca a pró-reitora de Ações Afirmativas, Permanência e Assistência Estudantil (Proapa), professora Adriana Amorim, a iniciativa visa criar “um processo seletivo que atenda às demandas dessas pessoas em função dos motivos pelos quais elas continuam fora da universidade. Então, não adianta criar a vaga e selecionar essas pessoas pelos mesmos métodos ou critérios que as outras, pois a exclusão continuará acontecendo”.
Em setembro de 2023, o Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) incluiu esse grupo social entre os beneficiados das Cotas Adicionais, além de ter alterado o processo seletivo para quem concorre por essas cotas. A Universidade realizou seu primeiro processo seletivo de acesso e inclusão em novembro de 2023, contemplando candidatos indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência e pessoas trans (travestis e transsexuais), disponibilizando uma vaga adicional por categoria em cada um dos cursos de graduação.
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A pró-reitora ressalta que esse novo sistema possibilita transformações positivas na sociedade, uma vez que a própria Instituição é uma estrutura que promove mudanças. Estudante do curso de licenciatura em Dança, campus de Jequié, e mulher trans, Melanie Miranda apoia a iniciativa. “Fico imensamente feliz com essa grande conquista, que vejo como um passo importante para a comunidade em geral e para as pessoas transgêneros que batalham diariamente por seu direito na sociedade e na vida”.
A garantia do acesso de pessoas trans à Universidade não consiste apenas em eliminar barreiras práticas, mas também em criar um ambiente inclusivo que reconheça e respeite sua identidade de gênero. O pesquisador e professor Marcos Lopes afirma que políticas de permanência colaboram para a inserção dessa comunidade no mercado de trabalho. “Geralmente, as travestis, mulheres e homens trans enfrentam muitas dificuldades para ingressar nesse mercado e nem sempre têm origem em famílias com condições sociais favoráveis. Portanto, as bolsas de permanência, extensão, ensino, pesquisa, bem como as cotas para travestis e trans possibilitam concluir os estudos”.
Desde o ano passado, a Uesb tem se empenhado nessa nova resolução por meio de visitas aos três campi, divulgando essa política e oferecendo treinamento para servidores e professores. A pró-reitora destaca que, por meio desse contato com os colaboradores da instituição, foi possível esclarecer várias dúvidas e implementar ações como sinalização visual nos banheiros, divulgação de guias e acompanhamento diário das pessoas contempladas.
A Universidade segue trabalhando para criar ambientes mais acolhedores e igualitários para estudantes de todas as identidades de gênero. “O que estamos fazendo terá reflexos no futuro e construirá condições para essas e outras pessoas historicamente excluídas da universidade poderem circular por lá. Não é uma solução rápida, nem uma simples cobrança, é uma participação efetiva”, conclui Adriana.
**Fonte**: Ascom/Uesb.