No Emissário de Arembepe, na costa de Camaçari, dois jovens percussionistas do bloco Malê Debalê foram mortos a tiros em um ataque ocorrido na noite da última segunda-feira (7), deixando também outras duas pessoas feridas. As vítimas eram dois irmãos de 15 e 24 anos, sendo este último identificado como Daniel Natividade. Segundo informações preliminares, o motivo do crime foi uma foto em que todos faziam sinais usados pela facção criminosa Bonde do Maluco (BDM), rival do Comando Vermelho (CV) que domina a localidade costeira.
O presidente do bloco, Cláudio Araújo, em entrevista ao jornal Correio 24h, afirmou que nenhum dos dois jovens era envolvido com o crime organizado. Ele enfatizou que “Eles nunca se envolveram com nada, posso garantir. Eram meninos solícitos, que começaram no Malêzinho e estavam na banda de transição. Essa notícia nos arrebatou de forma desastrosa. Eles são mais jovens negros que viraram vítimas desse sistema”.
O trágico ataque chocou os moradores da região e chamou a atenção do público baiano pela brutalidade ocorrida em Camaçari. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) está investigando o caso e buscando identificar os autores. Até o momento, não há informações sobre o estado de saúde das duas pessoas baleadas no atentado.
A violência que vitimou os dois músicos percussionistas do bloco Malê Debalê revela mais uma triste face da realidade cotidiana de áreas dominadas pelo tráfico de drogas no Brasil, onde vidas jovens e promissoras são ceifadas em meio a conflitos de facções rivais. A comunidade afro de Salvador perdeu não apenas dois talentosos artistas, mas também duas preciosas vidas que caem como mais uma triste estatística nesse contexto de violência desenfreada.