Com entrada franca, palestras capacitaram e encorajaram mulheres a se posicionarem contra o preconceito, rejeitarem os estereótipos e também denunciarem casos de violência
A secretária de Assistência Social de Candeias, Rosineide Silva, explicou que o evento foi realizado em comemoração à passagem do Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8 de março, mas que o trabalho da Sedas em apoio às mulheres permanece durante todo o ano. “Como mulher e mãe, foi um orgulho ter assumido essa Secretaria porque faz parte da vocação natural das mulheres o cuidado com as pessoas. Precisamos reconhecer que o trabalho das mulheres é árduo, porque muitas vezes elas trabalham fora de casa, mas quando chegam ao lar a sua luta continua no cuidado com a casa e com a família. Nem sempre isso é valorizado, ao contrário, muitas ainda são agredidas, mas estamos lá na Sedas, com a nossa equipe disposta a dar esse apoio”, declarou.
Sendo uma das palestrantes, a delegada titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher de Candeias (Deam), Drª Iola Nolasco, falou sobre a Lei 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha, que criou mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra as mulheres e, recentemente, adotada também para os mesmos casos de violência contra os homens. Drª. Iola abordou os aspectos jurídicos da lei e falou sobre o trabalho social desenvolvido pela Deam Candeias em parceria com a Prefeitura Municipal. “Nosso trabalho sempre se vincula com o trabalho das assistentes sociais do munícipio, que auxiliam no encorajamento dessas vítimas a irem registar qualquer tipo de agressão na Deam”, disse. A delegada aproveitou para explicar que caso a Deam, localizada na Rua Floriano Peixoto, bairro Santo Antonio, estiver fechada, a vítima pode registrar a agressão na 20ª Delegacia de Polícia, localizada na Rua Guanabara, Centro, ao lado do Ginásio Poliesportivo José Cardoso.
Alerta
O advogado do Centro Pop, Daniel Dantas, esclareceu dúvidas jurídicas e os psicólogos Rodrigo Santana, do Nam – Núcleo de Apoio à Mulher de Candeias, e Vladmir Nascimento, do Centro Pop, discorreram sobre lutas, conquistas, violência psicológica e autonomia. Rodrigo Dantas lembrou que a violência física nunca começa de forma repentina, mas é resultado de constantes atos violentos verbais e psicológicos que as vítimas ou não julgam relevantes ou por medo ou acomodação acabam deixando passar. “A violência doméstica começa com brincadeiras de tapinhas nas costas, palavras de desprezo, piadinhas, palavrões, ameaças, e quando menos se espera, a agressão se torna algo maior, com risco para a vida da vítima”, alertou. Os psicólogos também comentaram a cultura antiga – e ainda muito presente – de que traição é coisa normal de homem e que às mulheres cabe apenas aceitar.
Quebra de paradigmas
Estereótipos de que cor rosa, boneca, serviços domésticos são “coisas de mulher” precisam ser quebrados, segundo os palestrantes. “Nem toda mulher gosta de rosa, nem toda mulher pode ou sonha em ser mãe. Têm mulheres que gostam de futebol, de carros e nem por isso deixam de ser mulheres”, disse Rodrigo Dantas.
Ao final das palestras, muitas participantes contaram suas experiências de preconceito e até de agressão, como forma de desabafo, mas também de alerta às demais participantes.
A subsecretária de Assistência Social, Janemárcia Nunes, e a coordenadora do Centro Pop, Joanita Santana, também participaram do evento.
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