Taxistas fazem carreata em protesto contra violência durante enterro de colega em Candeias

Por Redação
7 Min

O caixão percorreu as ruas do bairro Urbis I acompanhado por uma multidão que caminhou até o Cemitério Municipal, na BA-522.

Moradores de Candeias prestaram as últimas homenagens e organizaram um protesto, na manhã desta terça-feira (6), durante o velório e sepultamento do taxista Domingos José Lisboa, 59 anos, morto em uma tentativa de assalto no último domingo (4). Amigos, familiares e taxistas percorreram as ruas do bairro Urbis I e depois seguiram a pé e em táxis até o Cemitério Municipal, na BA-522, onde o corpo foi enterrado.

(Foto: Amanda Palma/CORREIO)
(Foto: Amanda Palma/CORREIO)

O caixão do taxista estava coberto por uma bandeira do Vitória. No momento do assalto, ele usava uma camisa do time. Amigos também usaram o uniforme para prestar homenagem ao taxista. O corpo foi carregado por colegas de profissão desde a porta de casa, onde ele estava sendo velado, até o cemitério. Durante todo o percurso, amigos bateram palmas.

“Só vão ficar as coisas boas como lembrança. Perdi um amigo”, lamentou o taxista Romário Lima, 49 anos. Na porta da casa de Domingos, foram penduradas faixas com fotos e mensagens de despedida.

As lojas do Centro da cidade baixaram as portas, e os lojistas também se juntaram à multidão para acompanhar o cortejo. Os familiares seguiram na frente. Filha do taxista, Manuela Araújo disse que ainda não há suspeitos do crime. “Ele estava voltando sozinho para casa. Há cerca de cinco anos ele era taxista”, contou. Ela não conseguiu segurar as lágrimas para falar mais sobre o pai.

Domingos foi morto em uma tentativa de assalto (Foto: Reprodução)

Domingos atuava como taxista há cerca de cinco anos, no ponto da rodoviária da cidade. Segundo amigos, ele também trabalhava como garçom e foi assessor parlamentar na Câmara Municipal de Candeias. Domingos deixa cinco filhos.

Antes do cortejo fúnebre, que começou às 9h,cerca de 100 taxistas fizeram uma carreata da rodoviária até a casa de Domingos, na Rua C. Comovidos, eles se reuniram com familiares e moradores para velar o corpo do colega. Alguns seguravam cartazes pedindo justiça.

“A violência está crescendo, precisamos cobrar por justiça. Ele era um homem trabalhador, não tinha inimigos, uma pessoa de boa índole”, disse o taxista Wilson Santos. “Queremos que os autores desse homicídio sejam presos”, completou.

O taxista Eliel Nascimento lembrou que passou por Domingos minutos antes do crime. “Ainda dei sinal de luz para ele, que seguiu em frente. Isso foi uns dois minutos antes do assalto. Quando me ligaram logo depois, eu fiquei sem acreditar no que tinha acontecido”, contou.

Equipes da Polícia Rodoviária, da Polícia Militar e da Secretaria de Trânsito também acompanharam o velório. Ao passar na frente da rodoviária, onde Domingos trabalhava, o cortejo parou e o taxista foi homenageado com aplausos. O corpo foi enterrado às 11h com o cemitério lotado.

Para Romário Lima, que atua no ramo há 30 anos, a violência na região aumentou por conta do tráfico de drogas. “O que mais acontece aqui em Candeias é isso. Assalto com morte”, disse. O taxista Elderson de Sena, 28, também reclamou da violência no bairro e pediu solução. “Na linha do trem, no mesmo dia, teve uma outra tentativa de assalto. Vamos cobrar do prefeito e do governo melhorias na Segurança Pública, pois só prometem e nada é feito”, afirmou.

  • (Foto: Amanda Palma/CORREIO )

    (Foto: Amanda Palma/CORREIO )

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Cobrança
Após o sepultamento, alguns taxistas seguiram até a 20ª Delegacia (Candeias) para cobrar uma resposta e prometeram fazer manifestações. “A categoria vai se reunir para fazer manifestações na Polícia Militar e na prefeitura para cobrar policiamento ostensivo e a manutenção das câmeras de vigilância instaladas pela cidade”, relatou o taxista Josmar Melo.

O titular da delegacia, Marcos Laranjeiras, informou que a polícia ainda está fazendo o cruzamento de informações para identificar os dois autores do crime. “Houve uma comoção muito grande por parte da categoria, o que é natural, mas a categoria sabe que toda a polícia está mobilizada para prender os suspeitos”, afirmou. O delegado disse ainda que está levantando imagens de câmeras de estabelecimentos comerciais próximos ao local do crime e outra testemunha deve ser ouvida ainda esta semana.

Rua A, no bairro de Urbis 1, em Candeias, onde o crime aconteceu. Moradores dizem que violência é rotina
(Foto: Amanda Palma/CORREIO)

O crime
Domingos José Lisboa, 59 anos, foi morto a tiros em uma tentativa de assalto, na tarde de domingo (4). O crime aconteceu por volta das 17h, na Rua A do bairro Urbis I. Segundo moradores, Domingos estava em seu táxi, um Prisma branco, e voltava do trabalho para buscar a esposa e a neta e levá-las ao parque. Logo na entrada do bairro, ele reduziu a velocidade para passar por dois quebra-molas, quando foi abordado por dois homens armados.

Segundo o delegado Marcos Laranjeiras, os ladrões anunciaram o assalto, mas o taxista acelerou, no intuito de escapar da situação, e acabou atingido por dois tiros, no braço e ombro esquerdo. Ferido, Domingos perdeu o controle da direção e bateu em outro carro.

Os bandidos fugiram sem levar nada. “Eles queriam levar o carro da vítima, mas não conseguiram e acabaram fugindo por um terreno baldio que fica próximo ao local”, afirmou o delegado. Ele foi socorrido por uma ambulância do Samu para o Hospital Ouro Negro, mas não resistiu.

* Colaborou Juliana Leite, integrante da 9ª turma do Programa CORREIO de Futuro

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