As altas taxas de juros e o aumento do desemprego levaram à lona o mercado imobiliário, que nos últimos três anos teve uma taxa de juros de 16,8% nos cancelamentos de compras (distratos). Para quem quer comprar, especialistas recomendam comparar as condições oferecidas pelos agentes financeiros.
Mas essa má notícia tem um lado bom para quem quer comprar imóveis: os preços estão cada vez mais baixos. “É um ótimo momento para quem tem capital ou tem segurança de poder fazer um financiamento”, afirma Luiz Fernando Moura, diretor da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).
O presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon), Vítor Lopes, lembra que com o agravamento da crise econômica desde o ano passado muitas famílias começaram a devolver imóveis adquiridos. “Eles perceberam que não poderiam arcar com as prestações”, afirma Lopes.
O movimento ajudou a empurrar para baixo os preços e, apesar de os juros continuarem altos, esse é um período considerado ideal para quem pode comprar, de acordo com a avaliação da Abrainc.
“Com as mudanças na economia, é possível que em pouco tempo voltem os investimentos, e quem comprar agora pode ter uma grande valorização no imóvel”, declara Moura.
Situação financeira
O educador financeiro Edísio Freire assinala, entretanto, que o interessado em comprar um imóvel deve observar atentamente a sua situação financeira e as perspectivas de se manter empregado.
“Para quem tem emprego estável e não tem ameaça de redução de salário é um excelente momento para adquirir um imóvel”, diz Freire. Ele ressalta que o lado positivo desta crise é justamente que o preço das unidades é relativamente menor. “São dois lados da moeda”, completa.
Freire destaca que a crise no setor imobiliário é anterior à atual crise econômica, que só fez agravar a situação da construção civil. “O crédito ficou mais difícil e mais caro. Um imóvel que tem prestação inicial de R$ 2 mil fica pesado para a classe média”, ilustra.
Uma visão similar à do diretor da Abrainc. “É um momento interessante, os preços estão caindo, e espero que as medidas anunciadas pelo governo surtam efeito”, declara Moura.
Ele considera que ainda não dá para ter certeza sobre o que vai acontecer, mas avalia que, quando o governo voltar a investir, os níveis de emprego e renda devem melhorar e trazer um alento ao mercado.
A tendência é que as medidas adotadas coloquem de novo o país no rumo da estabilidade em um futuro próximo, valorizando os imóveis.
“Mas na conjuntura atual não dá para assumir um compromisso que talvez não dê para honrar”, afirma.
Ele declara que, apesar de as taxas de juros estarem mais altas do que era praticado há um ano, a queda nos preços dos imóveis compensa e faz com que seja um bom negócio comprar nesse momento.
“A taxa de juros está em torno de 10,9%, que ainda é mais baixo do que a taxa de juros primária, o CDI”, afirma Moura, da Abrainc.
“É um período oportuno, porque a gente começa a observar que as mudanças anunciadas pelo governo levaram a um aumento na confiança por parte da sociedade”.
Modelos de financiamento
Sistema Financeiro de Habitação (SFH) – Atende as classes baixas (que ganham até 5 salários mínimos), média (até 20 salários) e alta (que recebem acima de 20 salários). Desta maneira, o valor a ser financiado varia de acordo com a renda do adquirente
Com Construtora – No financiamento com a construtora, as taxas de juros são geralmente de 12% ao ano, corrigidos pelo IGP-M, índice baseado na inflação do período. Os bancos também cobram esse valor em média, porém, em alguns casos, incluem taxas administrativas e seguro
Sistema financeiro imobiliário – Visa suprir as carências do SFH (Sistema Financeiro da Habitação), considerado “excessivamente regulamentado”, tornando o crédito imobiliário mais flexível ao seguir as condições de mercado, sem subsídios.
Gilson Jorge