O setor de turismo em Salvador, que tem começado a se recuperar dos prejuízos por conta da pandemia do coronavírus, vive a expectativa pela realização do Réveillon deste ano e do Carnaval do ano que vem. Ao Toda Bahia, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis da Bahia (ABIH-BA), Luciano Lopes, falou sobre a atual taxa de ocupação nos hotéis da cidade, as previsões para a rede hoteleira caso as festas aconteçam e sobre a recuperação econômica do setor.
Recentemente, o prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), afirmou que as definições sobre o Réveillon e o Carnaval serão feitas até novembro. “Se tiver patrocinador e condições sanitárias no Réveillon, terá a festa. No Carnaval, da mesma forma”, garantiu o demista em pronunciamento no Centro de Convenções, na Boca do Rio, durante entrega de 70 novos ônibus coletivos para a capital.
Diante disso, o setor de turismo vive na esperança de dias melhores. “Caso a gente tenha a confirmação do Réveillon e do Carnaval, seguramente vamos ter em Salvador uma ocupação em torno de 100% no período desses dois eventos, que têm uma movimentação muito grande”, aposta o presidente da ABIH-BA, Luciano Lopes.
Essas duas festas possuem grande impacto positivo na atividade hoteleira. “O período do Carnaval, que vai de 8 a 10 dias, representa quase 11% do faturamento dos hotéis. Nesse período, os hotéis ficam, praticamente, com 100% da taxa de ocupação e os preços médios praticados no período é quase 6 ou 7 vezes a média do que a cidade pratica. A média de diária na cidade é entre R$ 250 a R$ 300, mas na época do Carnaval ela fica em torno de R$ 1.500 a R$ 1.700”, explica Lopes.
Atualmente, de acordo com ele, a ocupação dos hotéis de Salvador está em torno de 60%, registrado em setembro deste ano. “Essa taxa é igual à ocupação que foi registrada em setembro de 2019. Isso mostra que o setor vem, pouco a pouco, se recuperando. Ainda vai demorar de se recuperar totalmente, pois os prejuízos acumulados foram muito grandes, mas as taxas de ocupações já começam a melhorar na cidade”, afirma.
Comparativo
Salvador volta a receber cruzeiros em novembro (Foto: Bruno Concha/Secom/PMS)
No período de janeiro até setembro deste ano, a ocupação em Salvador foi em torno de 40%. No mesmo período do ano passado, a ocupação estava em torno de 34%.
“Comparando com um ano sem pandemia, o esperado era que nós tivéssemos uma ocupação em torno de 62%, que é o que foi registrado em 2019 no período de janeiro a setembro. Numa visão anual, isso demonstra que ainda estamos muito aquém do que era a taxa de ocupação antes da pandemia. Mas, olhando a ocupação dos últimos meses, a gente já vê uma melhora e muito similar ao que estava registrado em relação há dois anos”, diz Lopes.
No próximo mês, será retomada na capital baiana a temporada de cruzeiros. O retorno acontece em meio à chegada do verão e o reaquecimento de setores da economia, como o turismo. A estimativa é que 42 embarcações atraquem em Salvador até março de 2022, com cerca de 200 mil turistas.
Para o presidente da ABIH-BA, a chegada de cruzeiros não tem impacto direto na ocupação dos hotéis, em um primeiro momento, mas pode representar a volta dos turistas em oportunidade posterior. “Os turistas que chegam na cidade através dos cruzeiros dormem no navio. No entanto, esses visitantes acabam, no futuro, voltando a Salvador e se hospedam em hotéis”, afirma.
Recuperação econômica
A economia na rede hoteleira de Salvador vem se recuperando de forma ainda “lenta e gradual”, de acordo com Lopes. “Ainda há um longo caminho pela frente. Estamos em torno de 70% do que era a ocupação no período antes da pandemia. Precisamos recuperar, porque as perdas no setor foram muito grandes. Se tudo transcorrer bem, só vamos terminar de se recuperar a partir de dezembro de 2022”, prevê.
Âmbito nacional
O presidente da ABIH nacional, Manoel Linhares, afirmou, de acordo com a Agência Brasil, que a pandemia tem sido devastadora para o país e que, por conta dela, 80% dos hotéis chegaram a ficar fechados nos meses mais críticos, devido às medidas sanitárias para evitar a proliferação do coronavírus.
Com a necessidade de distanciamento social e outras medidas sanitárias, desde março do ano passado, excursões foram canceladas e viagens suspensas. Isso causou fechamento de agências, crise no setor hoteleiro e prejuízos que, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, ultrapassam R$ 370 bilhões.
Para o Ministério do Turismo, porém, a expectativa é que no próximo verão seja possível chegar aos níveis de ocupação de hotéis e movimentação de viajantes que o Brasil tinha antes da pandemia.
Thyara Araujo