Mulher que sofreu preconceito no Pelourinho denuncia turistas

Por Redação
3 Min
Foto: Arquivo pessoal

Eliane de Jesus, de 48 anos, que foi chamada, por turistas, de “macumbeira”, de maneira pejorativa, e de “preguiçosa”, denunciou o caso à polícia na terça-feira (16), na Delegacia de Proteção ao Turista (Deltur), no Pelourinho, em Salvador.

De acordo com a Polícia Civil, a dupla de cariocas vai ser intimada e ouvida. Além disso, um inquérito policial foi instaurado para investigação.

Em vídeo publicado pelos turistas, identificados como Ludwick Rego e Rômulo Souza, eles filmam Eliane, que está com roupas do candomblé. Na filmagem, eles começam a ofender a mulher.

“É aquela baiana ali, oh, ela falou que vai me dar axé, ela tem cara de macumbeira?”, diz Ludwick. “Ela é o que, irmã?”, pergunta Rômulo. “Marmoteira”, responde Ludwick. “E preguiçosa”, completa o outro. A filmagem continua e Rômulo diz: “Ela vai roubar o seu axé, isso sim”. Ludwick continua: “Ela vai roubar o meu colar pra ela”.

Após repercussão negativa da filmagem, a dupla publicou um vídeo de retratação, pedindo desculpas pela atitude. “Foi uma brincadeira entre amigos que a gente postou, foi uma infelicidade, mas em momento algum a gente quis denegrir a imagem da Bahia, quis denegrir a imagem do Pelourinho, quis denegrir a imagem dos baianos, e falar também que a pessoa que nós falamos no vídeo não é uma vendedora de acarajé. Em momento algum nós menosprezamos uma trabalhadora ali, uma vendedora de acarajé, nós fizemos essa brincadeira com uma pessoa que estava tentando vender axé, estava me perturbando para querer benzer minhas guias”, disse Ludwick.

A Associação Nacional das Baianas de Acarajé se pronunciou sobre o caso e repudiaram o vídeo feito pelos turistas. Confira a nota na íntegra:

“Nós, da Associação Nacional das Baianas de Acarajé, alertamos a todo instante sobre a importância em NÃO disseminar o racismo, preconceito e forma perversa de dar continuidade aos maus-tratos que só geram dores e tristezas.

Por essa razão, viemos em público acolher essa Senhora, que não é Baiana de Acarajé, mas ganha seu sustento no ponto turístico de Salvador com seu dom de cura com as folhas e boas energias, acolhendo baianos e turistas que solicitam seu serviço. Por tanto Senhor @Ludivickrego e toda sua cúpula que compactua em continuar as chibatadas em nosso povo de negro, de axé e que ganha o sustento da sua família com trabalho digno, merece nosso total respeito e empatia, não vamos tolerar essa sua afirmação tão absurda e cheia de deboche.

O Novembro Negro existe para que pessoas como você se eduque e busque dissolver o racismo estrutural para que o mesmo não seja reproduzido.“

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