Jovem morto por PMs ajudava mãe e avô em pizzaria: “ele gritava ‘socorro’, mas ninguém podia fazer nada”

Por Redação
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Morto por policiais da Rondesp, Alexsandro Lima entregava as pizzas que a mãe. Ele apanhou, teve as pernas quebradas e levou 5 tiros

Mãe de Alexsandro se desespera no enterro do filho, marcado por protesto de moradores que exigem justiça (Foto: Arisson Marinho)
Mãe de Alexsandro se desespera no enterro do filho, marcado por protesto de moradores que exigem justiça (Foto: Arisson Marinho)

Alexsandro Pinheiro dos Santos Lima, 20 anos, ajudava a mãe entregando as pizzas que ela preparava, e o avô, na barraquinha de cachorro-quente que ele mantém no fim de linha de Cosme de Farias. Foi justamente quando subia a rua Wenceslau Galo, por volta das 19h de sexta-feira, para chegar à pizzaria da mãe que Alexsandro encontrou policiais da Rondesp Atlântico fazendo uma operação no bairro — e que, segundo a família, conheciam bem Alexsandro, pois comiam frequentemente na pizzaria da mãe do rapaz.

Vizinhos disseram aos pais de Alexsandro que ele deu de cara com os policiais num trecho escuro da rua. Segundo os relatos, os PMs surravam Rafael de Oliveira Cerqueira, 19, e Denilson Campos dos Santos, 22. Quando pensou em retornar, Alexsandro foi alertado por um dos PMs.

“Você tem três minutos para vir até aqui”, disse o policial. “Ele foi, disse que trabalhava, mas mesmo assim apanhou, e muito. Ele gritava: ‘Socorro, socorro’, mas ninguém podia fazer nada’”, contou o pai, Edilson Souza Lima, 42. “Meu neto conhecia todo mundo do bairro e era muito querido. Era um rapaz franzino, diabético. Não bebia nem voltava tarde pra casa por causa da doença”, contou a avó.

“Eles dizem que aconteceu troca de tiros. Mas como? Ele levou cinco tiros e teve as pernas quebradas. Já os policiais, não levaram nenhum tiro”, declarou Carla Lima, 35, mãe de Alexsandro. Segundo a polícia, os três rapazes eram envolvidos com o tráfico de drogas na região e com eles foram encontrados 32 papelotes de cocaína, 21 balas de maconha e um revólver calibre 38 com numeração raspada.

Alexsandro foi sepultado na tarde da segunda-feira (9), no cemitério Quinta dos Lázaros, Baixa de Quintas. Muitos familiares, amigos e moradores de Cosme de Farias compareceram ao enterro. Entre os presentes, pedidos: “Hoje foi o Alexsandro, um inocente. Amanhã pode ser o filho de algum de nós. Até quando? Não é porque somos da periferia que somos bandidos. Queremos respeito”, disse Marcos Oliveira, 29, amigo de Alexsandro.

Ainda de acordo com vizinhos que ouviram a ação, o rapaz reconheceu seu algoz, que, segundo eles, frequentemente lanchava na pizzaria de sua mãe. “Não faz isso comigo, Bira!”, relataram ter sido as últimas palavras do jovem. Após o enterro, por volta das 18h, moradores de Cosme de Farias seguiram em direção à Avenida Bonocô em protesto. O caso está sendo apurado pela Corregedoria da PM.

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