A campanha de multi-vacinação, chamada de “Dia D” na Bahia, aconteceu do dia 24 de setembro até o dia 30, mas por conta de casos sobre doenças causadas após a vacina, ela termina não tendo o alcance que poderia. Apesar da meta ser de vacinar 80% de jovens de 9 a 13 anos, apenas 25% no estado da Bahia foram vacinadas e só 14% das que tomaram a primeira dose, voltaram aos postos para tomar a segunda, de acordo com a Secretária de Saúde do Estado da Bahia.
As vacinas que protegem contra o papiloma vírus (HPV), o causador do câncer de colo de útero, que é a terceira maior causa de morte em mulheres no Brasil, está sobrando nos postos de saúde da Bahia. Para desmistificar um pouco sobre a doença e a sua vacina, o Varela Notícias conversou com a ginecologista Sandra Renata Marques.
Ao questionar a doutora sobre as contra-indicações da vacina de HPV e os casos de paralisia, após a vacina em 2014, que assustaram algumas mulheres, ela afirma: “O benefício da vacina é muito grande e essas contra indicações que são os efeitos adversos que algumas pessoas apresentam, não são a maioria.”
Ela ainda afirma que de acordo com vários estudos feitos sobre a vacina, ela tem maiores indicações do que contra-indicações. “Em medicina tudo é assim, não tem nada que é 100% certo. O que você pode fazer antes de se vacinar é um peso do que é bom e do que é ruim. Se o que for bom for muito mais importante do que o que for ruim, ai você se vacina. Mas você sempre vai ter estatisticamente alguns critérios de risco, de percentuais de risco, mas, hoje está claro de que a vacina traz benefícios. Vários estudos foram feitos pra mostrar isso.”
Algumas famílias preferem adiar a vacinação da criança com medo de efeitos colaterais, mas a ginecologista afirma que essa não é a melhor opção. “Se ela tiver a relação sexual antes de tomar a vacina, ela não vai estar protegida, ela pode naquela experiência adquirir o vírus.”
Sobre a transmissão do HPV, a doutora afirma que ele não pode ser passado por objetos ou em mesas de massagem, portanto isso é mito, a forma de transmissão é: “A relação sexual desprotegida. O vírus não sobrevive um fomix, calcinha, toalha. Então a possibilidade é nula. A forma de se contaminar com o vírus é a relação sexual não protegida.”
A doutora conta que o HPV não tem sintomas e sim um sinal que só pode ser descoberto em exame ginecológico. Esses sinais podem variar de mulher para mulher, as vezes não aparecendo a olho nu, outras vezes aparecendo como verrugas genitais. Para ela, a melhor forma de se proteger é o preservativo, assim como outras doenças sexualmente transmissíveis. Quando questionada sobre a possibilidade de cura ou rescisão, ela afirma: “O vírus não tem cura” afirma a médica, mas existe tratamento. “Depende do tipo de lesão.”
O tratamento pode ser feito com pomadas e cirurgias para cauterização do vírus. Se a mulher não foi tratada, o vírus pode evoluir para um câncer no colo do útero. “O HPV tem vários subtipos virais. Existem alguns subtipos como 18, 22 que estão mais relacionados ao câncer e podem evoluir, provocando lesões chamadas neoplasias intra-epiteliais cervicais I, II e III. Então, o vírus do HPV está correlacionado a alguns subtipos virais que estão mais relacionados com a evolução das lesões pré câncer de colo do útero.” afirma a Sandra.
A vacina de HPV para homens ainda não está disponível pelo SUS, mas alguns especialistas defendem que ela é necessária para evitar verrugas genitais e a transmissão para outras pessoas. Mesmo não tão frequente, o HPV em homens pode causar câncer de pênis, anus e orofaringe.
Na campanha de vacinação do ano de 2016, a vacina que é aplicada somente em mulheres, sofreu algumas mudanças como: Eram 2 doses para meninas de 9 a 13 anos com intervalo de 6 meses; 3ª dose 5 anos depois. Como é agora: 2 doses com intervalo de 6 meses para meninas de 9 a 13 anos.