Think Tanks: Chave para o Fortalecimento do Multilateralismo no Brics

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Think Tanks do Brics: Fomentando o Diálogo e a Cooperação Internacional

No dia 8 de abril, a coordenação do Conselho de Think Tanks do Brics (BTTC) entregou um documento de recomendações ao sherpa brasileiro, o embaixador Mauricio Lyrio, durante uma reunião em Brasília (DF). O relatório, que reflete as contribuições vinculadas aos seis eixos prioritários da presidência brasileira do Brics, é resultado do trabalho conjunto de cerca de 15 instituições, sob a liderança de Luciana Servo, presidenta do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O BTTC, que busca promover a troca de ideias entre pesquisadores e centros de pesquisa, é um pilar fundamental na construção de soluções para os desafios enfrentados pelos países do Brics. A entrega do documento representa um passo significativo no pilar "People to People" (P2P), sendo a primeira contribuição formal desse tipo no contexto da presidência brasileira.

Luciana Servo destacou em entrevista exclusiva que a função dos think tanks vai além da mera produção de conhecimento; eles atuam como pontes entre as evidências científicas e as decisões de políticas públicas. "Essas instituições têm autonomia para discutir recomendações e fazer estudos que influenciem decisões estratégicas", afirmou.

Neste ano, o Ipea não só coordena o BTTC, mas também a Rede de Think Tanks de Finanças do Brics (BTTNF), um mecanismo novo que tem como foco as questões econômicas e financeiras. Embora o BTTC tenha sido criado em 2013, o BTTNF está apenas começando a se estruturar, buscando uma interação mais próxima com o Ministério da Fazenda e o Banco Central.

A construção do documento de recomendações foi um processo colaborativo que envolveu diálogos entre os think tanks, permitindo a consolidação de ideias e propostas concretas. Luciana Servo ressaltou que a agenda de saúde global, especialmente após a pandemia, é uma das prioridades que merece atenção e ação conjunta entre os países do Brics.

Além disso, a participação de novos países membros, como Irã e Etiópia, traz uma nova dinâmica ao BTTC. Luciana enfatizou a importância de integrar esses países ao mecanismo, apresentando-lhes o funcionamento do conselho e promovendo um diálogo contínuo.

Com a entrega do relatório, o Ipea já se prepara para a próxima agenda de discussões que culminará na Cúpula de Líderes do Brics em julho. O Fórum Acadêmico do Brics (FABrics), que ocorrerá em Brasília em junho, será uma oportunidade para aprofundar os debates e expandir a rede de instituições envolvidas.

A relevância dos think tanks no cenário atual é inegável, especialmente em tempos de incerteza geopolítica. Luciana Servo concluiu que a continuidade do diálogo entre os países do Brics é vital para a promoção do multilateralismo e a construção de um sistema internacional mais equitativo. "O Brics não substitui o sistema multilateral, mas reforça sua importância em um mundo cada vez mais polarizado", afirmou.

Em suma, os think tanks do Brics desempenham um papel crucial na formulação de políticas e na articulação de agendas que buscam enfrentar desafios globais coletivamente, reforçando a voz do Sul Global nas discussões internacionais.

Com informações da Agência Gov

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