Com o agravamento da crise prisional, o presidente Michel Temer convocou para a manhã de quinta-feira (5) uma reunião do núcleo de segurança institucional do governo federal para discutir a situação dos presídios no país.
O encontro deve ter as participações dos ministros Alexandre de Moraes (Justiça), Raul Jungmann (Defesa) e Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional), Torquato Jardim (Transparência) e Grace Mendonça (Advocacia-Geral da União).
O peemedebista tem sido aconselhado por alguns assessores e auxiliares a se pronunciar sobre o massacre no Amazonas após o encontro, mas ele ainda não tomou uma decisão.
Há mais de 48 horas desde a matança, o peemedebista mantém silêncio público sobre o incidente que vitimou 56 pessoas entre domingo (1º) e segunda-feira (2).
A ausência de posicionamento até agora fazia parte de uma estratégia de comunicação do Palácio do Planalto para afastá-lo do centro da crise prisional, sob o argumento de que se trata de um incidente localizado.
O peemedebista, contudo, tem sido pressionado a mudar de posição diante da repercussão do massacre no exterior. A rebelião no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim) durou cerca de 17 horas e resultou na morte de 56 presos. Outros quatro detentos foram mortos na UPP (Unidade Prisional de Puraquequara), e 184 fugiram do Compaj e do Ipat (Instituto Penal Antônio Trindade), sendo que 58 tinha sido recapturados até a tarde desta quarta.
Nesta quarta-feira (4), até o Papa Francisco se pronunciou, lamentou o massacre e pediu que “as condições de vida dos detentos sejam dignas de pessoas humanas”.
Em conversa com o peemedebista nesta quarta-feira (4), Moraes relatou a Temer que o problema em Manaus foi superado e que o governo federal fará transferências de presos a outras unidades prisionais para evitar novas rebeliões.
O incidente criou uma crise no sistema penitenciário brasileira e o receio do Palácio do Planalto de que integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) iniciem uma série de retaliações em outras unidades prisionais do país, uma vez que a maioria dos mortos são da facção criminosa.
A rebelião foi motivada por uma briga entre as facções Família do Norte e PCC. De acordo com as investigações, ela foi comandada pela Família do Norte.
TEMER E O CARANDIRU
Os dias seguintes ao massacre do Carandiru, em outubro 1992, também foram de espera por explicações da polícia e demora em declarações oficiais. O governo paulista foi pressionado por não conseguir apresentar um balanço confiável do número de mortos. Além disso, o então governador, Luiz Antônio Fleury Filho, e seu secretário de Segurança foram criticados pela demorar de 72 horas para comentarem o assunto.
A crise no governo paulista levou à queda do secretário de segurança. Fleury então escolheu como substituto para o cargo o então Procurador-Geral de São Paulo, que era justamente o atual presidente Michel Temer.
Temer já havia sido secretário de Segurança no governo Montoro, entre 1984 e 1986. Em seu primeiro dia como secretário após o massacre do Carandiru, afirmou: “Meu estilo é do diálogo”. Com informações da Folhapress.