O Ministério da Saúde revelou na quinta-feira (19/11) que já elaborou estratégias de vacinação contra a Covid-19 para assim que um imunizante for aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O plano prevê duas campanhas de conscientização sobre a importância da vacina. A primeira, que será sobre o processo de produção e aprovação de um imunizante, acontece entre os meses de dezembro e janeiro.
O imunizante tem mais de 400 versões em desenvolvimento pelo mundo, metade registrada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, 154 estão em estágio de pesquisa pré-clínica e 44 em estudos clínicos. Destes, 10 estão em fase 3 de testes.
A vacina ainda é vista com desconfiança por parte da população, como exemplo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que já questionou a necessidade de uma vacinação obrigatória contra a doença e já colocou em xeque, sem provas, a segurança da CoronaVac, testada pelo laboratório chinês Sinovac e pelo Instituto Butantã. Por diversas vezes ele ainda reforçou que não há nenhuma vacina aprovada contra a doença.
O projeto vai integrar o Programa Nacional de Imunizações e prevê dez eixos principais com responsabilidades divididas entre diversas instituições, como Fiocruz, Butantã, Sociedade Brasileira de Imunologia e de órgãos federais. O secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Arnaldo Medeiros, destaca que o eixo 1 é dedicado para avaliação da situação epidemiológica.
“O objetivo é identificar grupos de maior risco. Para isso, deverá ser levado em conta o perfil da vacina: faixa etária na qual está registrada e que é mais eficaz, esquema de vacinação, dados de segurança, duração da vacina em frasco aberto e condições de armazenamento. Vamos avaliar o andamento dos estudos das vacinas para definirmos o eixo 1, que vai definir os prioritários”, disse o secretário.
O eixo 2 prevê a atualização das vacinas em estudo. O eixo 3 reforça o monitoramento e orçamento, com objetivo de avaliar se a vacina entrará como rotina ou campanha anual para incorporar ao orçamento na do Programa Nacional de Imunizações para aquisição. A operacionalização da campanha será definida no eixo 4 que também discute a estratégia de vacinação, distribuição de doses por Estado e público-alvo.
O secretário executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, afirmou que técnicos da pasta ouviram propostas sobre o fornecimento de imunizantes da Pfizer, Johnson & Johnson, Moderna, Sputnik V e Covaxin.
O eixo de farmacovigilância diz respeito ao monitoramento de eventos adversos pós-vacinação e pós-licenciamento da vacina, fase em que está prevista a administração da vacina em massa. Em seguida, estão previstos estudos de monitoramento e pós-marketing para análise de cortes para averiguar se a incidência da doença ou evento adverso à saúde difere entre o os grupos e estudos de efetividade e segurança.
Os eixos 7 e 8 contemplam, respectivamente, os sistemas de informação e monitoramento com objetivo de registrar o indivíduo, avaliar a cobertura vacinal da população e acompanhamento de eventos adversos. Os eixos 9 e 10 tratam do plano de comunicação de campanha para vacinação, que será aplicado nos próximos meses. O objetivo é conscientizar sobre o processo de produção e aprovação de uma vacina, para dar segurança à população em relação a eficácia dos imunizantes que o Brasil vier a utilizar, bem como da sua capacidade.