Uma jovem grávida morreu após ser atingida por um monitor cardíaco que despencou dentro de uma ambulância da prefeitura de Sacramento (MG). Kamily Pricila Fernandes de Oliveira, 20, estava grávida de sete meses e meio e teria começado a apresentar sintomas de hipertensão no dia 9 de janeiro. O bebê foi resgatado com vida e segue internado, em estado grave.
No dia, a gestante passou mal ao receber a notícia de que o avô morreu e foi levada à Santa Casa de Misericórdia de Sacramento, sendo liberada após avaliação. Já na quarta-feira (11), ela foi a um posto de saúde entregar exames, mas teve novo mal estar e teve que ser encaminhada novamente para a unidade de saúde, onde foi identificado o quadro de pré-eclampsia -doença hipertensiva específica da gravidez.
Devido à gravidade da doença, que pode levar a um parto prematuro ou prejudicar o desenvolvimento do feto, a jovem foi transferida para o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, mas, durante o caminho, o condutor fez uma manobra na via e a mulher acabou atingida pelo monitor cardíaco.
“O motorista fez uma manobra e com isso um equipamento se soltou e atingiu a cabeça da Kamily. A enfermeira tentou amortecer o impacto e não deu certo”, disse Camila Yuki, amiga da vítima, à reportagem.
Segundo o Hospital da UFTM, a jovem chegou ao hospital em estado crítico, com quadro de traumatismo craniano além da pré-eclâmpsia. Ela teve que passar por uma cesária de emergência e teve morte cerebral declarada na quinta-feira (12).
A família de Kamily autorizou a doação dos órgãos. Foram captados pelo hospital os dois rins, duas córneas, o fígado e o coração.
Já o bebê da jovem segue internado em estado grave e respira com ajuda de aparelhos, segundo o comunicado da unidade de saúde à reportagem.
Também em nota à reportagem, a Polícia Civil de Minas Gerais informou que o pai da paciente registrou a ocorrência na sexta-feira (13), na Delegacia de Plantão em Uberaba.
“As providências de polícia judiciária estão sendo adotadas para apuração dos fatos, como realização de exame para identificar a causa da morte da jovem. A PCMG esclarece que, em caso de indício criminal, será instaurado o respectivo procedimento investigativo para a devida responsabilização”, declarou a corporação.
Pai alega negligência
Marcelo Antônio de Oliveira, pai da vítima, contou que o avô de Kamily faleceu no dia 9 de janeiro. Assim que soube da morte, Kamily passou mal e foi levada para a Santa Casa de Misericórdia de Sacramento. De acordo com Marcelo, a gestante recebeu atendimento médico e recebeu alta no mesmo dia.
“No meu entender, ela deveria ter sido transferida desde o início, porque desde o começo da gravidez já sabiam que era de risco”, contou o pai da jovem.
No dia seguinte, Kamily se encaminhou até um posto de saúde da região para apresentar alguns exames. Porém ela voltou a passar mal e foi levada de ambulância para a Santa Casa de Misericórdia de Sacramento.
A situação da gestante começou a piorar e ela teve convulsões. Por causa disso, ela precisou ser transferida para o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM). Segundo o pai, ninguém da família pôde acompanhá-la na ambulância e ele foi de carro até Uberaba.
Marcelo contou também que ainda teve que aguardar algumas horas no hospital até ser atendido. Foi então que ele foi informado por uma médica que a jovem havia sido atingida por um objeto na cabeça e não resistiu ao ferimento. No mesmo dia, ela precisou passar por uma cesária para a retirada do bebê.
Após a confirmação da morte, a família autorizou a doação de alguns órgãos para outros pacientes necessitados. O pai da vítima disse que ainda aguarda a retirada de documentos para definir se vai registrar um boletim de ocorrência sobre o caso.
Eles erraram, e precisam responder pelo erro”, finalizou Marcelo