Uma pesquisa conduzida pelas universidades UERJ e USP revela que 98,8% dos alimentos ultraprocessados vendidos no Brasil possuem quantidades excessivas de sódio, gorduras e açúcares livres, causando impactos negativos à saúde e ao meio ambiente. Este estudo levanta ainda a questão da perda de biodiversidade associada à produção desses alimentos.
De acordo com os pesquisadores, a fabricação de alimentos ultraprocessados está relacionada à perda de biodiversidade, principalmente devido aos ingredientes utilizados, como produtos de origem animal, óleo de palma, cacau e café, que frequentemente contribuem para mudanças no uso da terra. Além disso, tais alimentos estão ligados a emissões de gases de efeito estufa, degradação do solo e impactos na qualidade e escassez da água. Estas conclusões foram divulgadas pelo Jornal da USP.
A utilização de plástico na produção de alimentos ultraprocessados é outra questão destacada no estudo. Em 2022, o Brasil gerou 13,7 milhões de toneladas de plástico, o que equivale a quase 64 quilos por habitante. A relação entre resíduos plásticos e ultraprocessados está presente principalmente nas embalagens, já que esses produtos costumam depender delas devido à longa vida útil nas prateleiras, o que pode ser prejudicial ao meio ambiente.
Leia Também
Um relatório de 2020 apontou as transnacionais de bebidas açucaradas, incluindo os líderes de mercado de refrigerantes, como alguns dos maiores poluidores. O consumo excessivo desses produtos gera um volume significativo de resíduos de embalagens, devido à sua produção e distribuição. Além disso, o transporte dos alimentos ultraprocessados causa impactos ambientais significativos, devido ao alto consumo de energia ao longo da cadeia produtiva, que inclui processos adicionais de industrialização e o percurso de longas distâncias até chegar aos pontos de distribuição e consumo.
No entanto, a conscientização sobre esses impactos ambientais ainda é limitada entre os consumidores. A falta de informação sobre os prejuízos causados pelos alimentos ultraprocessados pode ser um obstáculo para a mudança de hábitos. Uma abordagem mais sustentável na produção e consumo de alimentos é necessária para reduzir os danos ao meio ambiente e promover a saúde da população.
Diante disso, é fundamental que as autoridades governamentais, indústrias alimentícias e a sociedade como um todo se envolvam em ações que visem mitigar os impactos negativos dos alimentos ultraprocessados no meio ambiente. A educação sobre impactos ambientais e saúde, juntamente com uma agricultura mais sustentável e diretivas regulamentares, são passos cruciais para promover um futuro mais saudável e equilibrado para o planeta e suas populações.