Na noite de quinta-feira (23) para sexta-feira (24), a Lua entrará na fase cheia e, entre 22h11 e 2h24 pelo horário de Brasília, estará em um momento especial: passará na frente de Antares (Alpha Scorpii), uma estrela supergigante de classe M que se encontra a aproximadamente 600 anos-luz da Terra. Esse fenômeno, conhecido como “eclipse de Antares”, poderá ser observado em grande parte do continente americano, incluindo algumas regiões do Brasil.
Antares, a estrela supergigante em questão, é uma estrela vermelha de classe M localizada no coração da constelação de Escorpião. Conhecida como a 16ª estrela mais brilhante do céu noturno, Antares geralmente é vista como a 15ª estrela, se os dois componentes mais brilhantes do sistema estelar quádruplo Capella forem considerados como uma única estrela. Além disso, juntamente com outras estrelas como Aldebaran, Spica e Regulus, Antares é uma das estrelas mais brilhantes próximas da eclíptica.
Essa supergigante possui entre 15 e 18 massas solares e cerca de impressionantes 883 vezes o raio do Sol. Sua densidade é consideravelmente baixa devido ao seu tamanho extenso aliado à massa relativamente pequena. Um dado curioso é que se Antares ocupasse o centro do Sistema Solar, sua parte mais externa estaria situada entre as órbitas de Marte e Júpiter. Além disso, trata-se de uma estrela de variabilidade lenta, com uma magnitude aparente de +1,09.
O significado do nome Antares remete ao seu brilho avermelhado, antagonizando o brilho de Marte, o deus da guerra na mitologia grega (também conhecido como Marte para os romanos). Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia, membro da Sociedade Astronômica Brasileira, diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros e colunista, explicou o background do nome da estrela.
No que diz respeito à ocultação lunar de Antares, segundo o guia de observação astronômica InTheSky.org, este evento estará visível no Brasil entre 1h33 e 4h30. As ocultações lunares são percebidas apenas em uma pequena parte da Terra devido à grande paralaxe da Lua, que varia sua posição no céu dependendo da localização do observador.
A Lua e seu movimento em relação aos objetos celestes podem diferir em até dois graus, ou quatro vezes o diâmetro da própria Lua, quando vista de pontos opostos da Terra. Isso significa que, se a Lua estiver alinhada para passar na frente de um objeto específico para um observador em um lado do planeta, ela pode aparecer até dois graus distante desse objeto para um observador no lado oposto do globo.
O mapa acima destaca as regiões do planeta que terão a oportunidade de presenciar a oclusão da estrela Antares, indicando em vermelho onde o desaparecimento e em azul onde o reaparecimento serão visíveis. As linhas contínuas mostram onde a ocultação poderá ser observada com binóculos em uma altitude conveniente no céu, enquanto as linhas tracejadas indicam locais onde o evento ocorre acima do horizonte, mas poderá não ser visível devido à luminosidade do céu ou à proximidade da Lua em relação ao horizonte. Fora dessas áreas designadas, a Lua não passará na frente de Antares ou estará abaixo do horizonte no momento da ocultação.
Conclusivamente, espectadores astronômicos no Brasil e em várias regiões do continente americano terão a chance de testemunhar esse incrível evento celeste, no qual a Lua, em sua fase cheia, nos proporcionará o espetáculo único de eclipsar a majestosa estrela Antares, contemplando a grandiosidade do universo e refletindo sobre a vastidão do cosmos.