Estudo aponta que o coronavírus pode ser detectado em espermatozoides por até 110 dias pós-infecção

Por Redação
2 Min

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) mostraram que o vírus SARS-CoV-2 pode estar presente nos espermatozoides de pacientes até 90 dias após a alta hospitalar e 110 dias após a infecção inicial, reduzindo a qualidade do sêmen. Os resultados da pesquisa, publicados recentemente na revista Andrology, alertam para a necessidade de se considerar um período de “quarentena” após a doença para quem pretende ter filhos.

Mais de quatro anos após o início da pandemia de COVID-19, já se sabe que o novo coronavírus é capaz de invadir e destruir uma série de células e tecidos humanos. Os testículos funcionam como “porta de entrada” para o vírus, que tem sido observado com maior agressividade no trato genital masculino. O estudo atual, financiado pela FAPESP, utilizou tecnologias de PCR em tempo real e microscopia eletrônica de transmissão para analisar o material genético do vírus em espermatozoides de homens convalescentes de COVID-19.

Foram examinadas amostras de sêmen de 13 pacientes infectados, revelando a presença do SARS-CoV-2 nos espermatozoides. A descoberta de que os espermatozoides produzem armadilhas extracelulares baseadas em DNA nuclear para neutralizar o vírus representa uma quebra de paradigma na ciência.

O estudo alerta para a possível transmissão do vírus por meio do material genético do gameta masculino e sugere adiamento da concepção natural e de técnicas de reprodução assistida por pelo menos seis meses após a infecção por COVID-19, mesmo em casos leves.

Pesquisas anteriores realizadas pelo grupo de estudo da USP identificaram os testículos como órgãos-alvo para a infecção do vírus, causando diversas complicações no sistema reprodutivo e sexual. Além disso, evidenciaram a importância de considerar os efeitos tardios da infecção pelo SARS-CoV-2 em pacientes acometidos.

O artigo completo pode ser acessado em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/andr.13612.

Informações da Agência FAPESP

Compartilhe Isso