Nos dias atuais, é comum vermos diversos modelos de promoção e venda de produtos, seja pela televisão, redes sociais ou até mesmo em aplicativos específicos. Contudo, para aqueles que já passaram dos 30 anos, é impossível esquecer dos canais de venda direta que dominavam a TV aberta praticamente 24 horas por dia. Marcas como Polishop e produtos como a TekPix lembram bem essa época, onde até mesmo os tapetes persas eram vendidos em programas ao vivo.
Atualmente, esse formato de vendas praticamente desapareceu no Brasil, mas continua em alta na China. A grande diferença está na plataforma de divulgação, pois, em vez da TV, as redes sociais têm sido o principal meio para essas transmissões de vendas.
Um exemplo disso é o Douyin, conhecido como o irmão gêmeo do TikTok, que tem transmitido semanalmente programas de compras ao vivo de até cinco horas na China. Grandes marcas, como a espanhola Zara, têm se destacado nesse cenário, com resultados extremamente positivos em suas vendas.
Com a previsão de um crescimento moderado nas vendas nos próximos anos, as empresas têm buscado alternativas para manter o mercado aquecido. As “shopping lives” ou “live shoppings”, como são chamadas, surgiram como uma estratégia para estimular as vendas.
Observando o sucesso alcançado na China, a Zara planeja expandir esse formato para os Estados Unidos, Reino Unido e alguns países da Europa a partir de agosto ou outubro. A expectativa é repetir o mesmo desempenho positivo nessas regiões.
As transmissões ao vivo da Zara na China impressionam pela grandiosidade. Com megaproduções realizadas em um galpão de quase 1.000 metros quadrados em Xangai, a marca apresenta desfiles de moda com modelos utilizando os produtos, dicas de maquiagem e bastidores do evento. A audiência tem respondido positivamente, com cerca de 800 mil espectadores únicos por programa e um aumento de 50% nas vendas comparado ao ano anterior.
No entanto, resta a questão: será que o público ocidental abraçará essa ideia da mesma forma? O TikTok, controlado pela chinesa ByteDance, tem tentado introduzir esse conceito nos EUA, mas a Zara pretende realizar suas próprias transmissões em seu site e aplicativo, com programações mais curtas.
Inicialmente focadas em roupas femininas, as transmissões ao vivo podem se diversificar no futuro, dependendo da receptividade do público. Além disso, a contratação de personalidades da moda como apresentadoras do programa está nos planos, embora suas identidades ainda não tenham sido reveladas.
Apesar da expectativa positiva para a expansão desse modelo de vendas, o lançamento inicial está previsto apenas para os EUA, Reino Unido e União Europeia, deixando os brasileiros fora desse radar temporariamente.
Conhecer os bastidores e entender o cenário das ‘shopping lives’ da Zara é fundamental para perceber as mudanças e tendências do mercado de vendas. A inserção desse formato no mercado ocidental poderá ser o início de uma nova era na maneira como as marcas interagem e vendem para seu público-alvo, demonstrando que a inovação e criatividade são essenciais no mundo dos negócios.