Uma forte denúncia sobre as condições de saúde da população infantil Yanomami foi publicada na revista Nature Medicine por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O artigo revela que as crianças dessa etnia estão enfrentando déficits nutricionais graves, com altas taxas de desnutrição. Em 2022, 52,2% das crianças menores de 5 anos estavam desnutridas, acima da média global de 29,1%.
A Terra Yanomami, a maior reserva indígena do Brasil, enfrentou problemas como mineração ilegal, incêndios e desmatamento, sem controle efetivo. Esses fatores levaram o governo a declarar uma crise de saúde pública na região. A desnutrição na infância pode ter consequências de longo prazo, aumentando o risco de doenças na idade adulta. Estudos indicam que crianças expostas à desnutrição durante estágios críticos de desenvolvimento são suscetíveis a problemas de saúde no futuro.
A desnutrição infantil pode levar ao desenvolvimento de obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e outros distúrbios na vida adulta. Danos causados pela desnutrição crônica podem ser transmitidos de uma geração para outra. Ações urgentes são necessárias para antecipar e mitigar as consequências da desnutrição para a saúde da população Yanomami.
Estratégias de intervenção nutricional precisam ser culturalmente adaptadas e estendidas a áreas próximas às comunidades Yanomami. Além disso, a proteção territorial, gestão ambiental e políticas de compensação também são fundamentais para a saúde da população indígena. Os pesquisadores enfatizam a importância da unificação de esforços de governos, universidades e instituições de pesquisa para enfrentar esse desafio.
Os pesquisadores são integrantes do Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades (OCRC) da FAPESP sediado na Unicamp. O artigo “Life-long health consequences of undernutrition in the Yanomami indigenous population in Brazil” pode ser acessado em: www.nature.com/articles/s41591-024-02991-y.
Informações da Agência FAPESP