A rotação do núcleo da Terra tem desacelerado desde 2008. Além disso, a “velocidade” de rotação é diferente no núcleo em comparação ao manto do planeta – camada entre a crosta e o núcleo, abaixo da superfície. Essas foram as principais conclusões de uma pesquisa publicada nesta semana na Nature.
A desaceleração do núcleo poderia afetar a rotação do planeta, o que prolongaria a duração dos dias. Mas efeitos significativos provavelmente apareceriam somente no campo geomagnético.
A pesquisa analisou eventos sísmicos repetidos usando dados de sismogramas de 1991 a 2023, identificando 143 pares de eventos repetidos. As mudanças nos padrões de ondas sísmicas indicaram variações na rotação do núcleo.
A rotação do núcleo desacelerou e inverteu sua direção em 2005 e 2015. Isso sugere que a rotação dele é mais complexa do que se imaginava. E a mudança observada na pesquisa pode estar relacionada a fenômenos misteriosos, como a inversão de direção no campo magnético.
Em tese, a desaceleração do núcleo poderia afetar a rotação do planeta, o que prolongaria a duração dos dias. Mas os efeitos grandes o suficiente para serem notados provavelmente apareceriam no campo geomagnético.
Os pesquisadores descobriram que a velocidade da rotação do núcleo interno da Terra não é constante, variando ao longo do tempo. A pesquisa se concentrou em identificar e analisar eventos sísmicos repetidos, utilizando dados de sismogramas coletados entre 1991 e 2023.
A equipe identificou 109 eventos sísmicos previamente conhecidos e adicionou outros 12, totalizando 143 pares de eventos repetidos. Ao comparar os sismogramas desses eventos, os pesquisadores notaram mudanças nos padrões de ondas sísmicas, o que indica variação na rotação do núcleo da Terra.
“Quando vi pela primeira vez os sismogramas que sugeriam essa mudança, fiquei perplexo”, disse John Vidale, professor da Universidade do Sul da Califórnia, em entrevista ao USC Today. “Mas quando encontramos duas dúzias de observações sinalizando o mesmo padrão, o resultado foi inescapável.”
Uma descoberta chave foi que a rotação do núcleo parece ter desacelerado e invertido sua direção em 2005 e novamente por volta de 2015. Entre esses períodos, a rotação ficou significativamente mais lenta. Essa inversão e desaceleração sugerem que o movimento do núcleo do planeta é mais complexo do que uma simples rotação constante.
Parte desse movimento mais lento eventualmente será transferido para a superfície, resultando em dias mais longos. No entanto, Vidale diz que isso será “muito difícil de notar, da ordem de milésimos de segundo, quase perdido no ruído dos oceanos e atmosfera em movimento”.
O campo gravitacional da Terra é causado por movimentos no núcleo externo da Terra, não no interno – o externo (“outer core” no infográfico do USC Today) é líquido e está em constante movimento, enquanto o interno é sólido e mais estável. No entanto, pode haver alguma interação entre eles.
A mudança observada na pesquisa, disponível no site da Nature, pode estar relacionada a fenômenos misteriosos – por exemplo: como o campo magnético às vezes inverte a direção.