Estudo aponta que cesarianas antecipadas no Brasil podem trazer riscos para os bebês

Por Redação
3 Min

As evidências mostram que, no Brasil, muitas cesáreas previstas para ocorrer em meio ao feriado de carnaval são antecipadas ou postergadas. Pesquisadores do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa investigaram os efeitos dessa manipulação da data do parto na saúde dos bebês. O estudo realizado por Carolina Melo e Naercio Menezes Filho, economistas e professores do Insper, analisou os impactos da postergação e antecipação de partos durante o feriado de carnaval. Os resultados indicam que a postergação dos partos aumenta a idade gestacional e reduz a mortalidade neonatal, enquanto a antecipação diminui a idade gestacional e o peso ao nascer dos bebês, principalmente em gestações de alto risco.

De acordo com as descobertas, as festividades de carnaval aumentam o tempo gestacional em média 0,06 dia e reduzem as taxas de mortalidade neonatal e precoce em aproximadamente 0,30 e 0,26 por 1 mil nascidos vivos, respectivamente. A manipulação das datas dos partos em função do feriado de carnaval parece ser uma prática comum, especialmente entre mulheres menos vulneráveis e com maior nível educacional.

A antecipação dos partos para evitar o feriado de carnaval, principalmente entre mães de nível educacional mais alto, pode colocar os bebês em risco, uma vez que encurta artificialmente o período de gestação. Por outro lado, quando os partos não podem ser antecipados, as gestantes acabam esperando mais tempo, o que pode resultar em melhores condições de saúde para os bebês. A pesquisa ressalta a importância de políticas públicas para restringir a antecipação de partos sem justificativas médicas, visando minimizar os riscos associados a nascimentos prematuros e baixo peso ao nascer.

O estudo destaca a necessidade de prolongar a gestação para garantir melhores resultados de maturidade gestacional e sobrevivência neonatal. Além disso, ressalta a alta taxa de cesarianas no Brasil, especialmente em hospitais privados, e a importância de promover práticas que estejam alinhadas com as recomendações da Organização Mundial da Saúde, que sugere uma proporção de cesarianas de até 15%.

A pesquisa recebeu apoio da FAPESP e do Centro Brasileiro para o Desenvolvimento na Primeira Infância (CPAPI) e sugere que a manipulação das datas dos partos pode ter efeitos significativos na saúde dos bebês. Acesse o artigo completo em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/hec.4858.

Informações da Agência FAPESP

Compartilhe Isso