A Aliança Internacional de Funcionários de Palco Teatral (IATSE), sindicato que representa as equipes técnicas de cinema e televisão de Hollywood, firmou um acordo com a Aliança de Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP) para proteger os trabalhadores contra o uso da inteligência artificial (IA). Segundo informações da Reuters, o contrato é temporário, com validade inicial de três anos.
O acordo abrange diversos pontos importantes, como o aumento salarial, com um escalonamento de 7%, 4% e 3,5% ao longo do período de três anos. No tocante à IA, ficou acordado que “nenhum funcionário será obrigado a fornecer instruções de IA de qualquer forma que resulte no deslocamento de qualquer empregado abrangido”.
Este acordo vem após a greve de quatro meses protagonizada pelo sindicato dos atores, SAG-AFTRA, e a AMPTP, que representa importantes estúdios como Disney e Netflix, no ano passado. Essa greve foi a segunda maior da história de Hollywood e paralisou a produção cinematográfica e televisiva da região.
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Em relação à IA, o acordo feito com o Sindicato dos Atores também abordou a questão, mostrando a importância de regular o uso dessa tecnologia na indústria do entretenimento.
O boom da inteligência artificial em 2023 gerou impacto nos sindicatos de Atores e Roteiristas, que entraram em greve exigindo não apenas aumento salarial, mas também medidas para proteger os trabalhadores do uso da IA na produção de filmes, como manipulação de imagem e voz de atores, e geração de textos e roteiros por meio dessa tecnologia.
A greve, considerada a segunda maior da história de Hollywood, só chegou ao fim em dezembro, quando o SAG-AFTRA aceitou a proposta apresentada pelos estúdios, encerrando assim o movimento grevista. No total, a paralisação dos dois sindicatos durou quase 150 dias, sendo que a dos atores, que teve início depois, durou 118 dias, impactando diversas produções importantes.
Antes dessa greve, as paralisações mais longas dos atores ocorreram em 1980, com duração de 95 dias, e em 2000, que se estendeu por seis meses. Esses eventos demonstram a importância dos sindicatos na defesa dos interesses dos trabalhadores do setor audiovisual em um contexto cada vez mais dominado pela tecnologia.
Assim, os acordos firmados recentemente entre os sindicatos e os produtores de Hollywood sinalizam um avanço na proteção dos profissionais do entretenimento contra os impactos negativos do avanço da inteligência artificial na indústria cinematográfica e televisiva. A delicada equação entre inovação tecnológica e direitos trabalhistas continua sendo um ponto crucial a ser acompanhado de perto pelas partes envolvidas.