Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e publicado na revista Nature Communications indica que a seca no Cerrado brasileiro é sem precedentes, pelo menos nos últimos 700 anos.
De acordo com os pesquisadores, o aquecimento global na região central do país tem sido mais intenso, com aumento das temperaturas cerca de 1 °C acima da média global. Essa condição resulta em um distúrbio hidrológico, em que a água da chuva evapora antes de se infiltrar no solo devido à temperatura elevada próximo ao solo. Esse fenômeno tem impactos significativos, como mudanças no padrão de chuva, com eventos mais intensos e menos recarga nos aquíferos, afetando o nível dos rios tributários do rio São Francisco.
O estudo, apoiado pela FAPESP e pela National Science Foundation dos Estados Unidos, utilizou dados de temperatura, vazão e precipitação da Estação Meteorológica de Januária, correlacionados com variações na composição química de estalagmites de uma caverna no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu. Essa análise permitiu reconstruir o clima dos últimos sete séculos, demonstrando a relação da seca com o distúrbio do ciclo hidrológico causado pelo aquecimento global.
A pesquisa também inovou ao analisar a química das formações rochosas da Caverna da Onça, evidenciando como a seca afeta essas estruturas. Além disso, o estudo integra um projeto mais amplo de reconstituição da variabilidade climática por meio de registros geológicos, como espeleotemas e anéis de crescimento de árvores.
Os resultados desse trabalho proporcionam uma compreensão mais precisa dos efeitos do aquecimento global nos trópicos, utilizando metodologias inovadoras e amostras geológicas caracterizadas. O artigo completo pode ser acessado em: https://www.nature.com/articles/s41467-024-45469-8.
Informações da Agência FAPESP