Desaparecimento das áreas alagadas do Pantanal

Por Redação
3 Min

Por Quézia Oliveira

O Pantanal, a maior planície alagada do planeta, localizada nos estados do Mato Grosso do Sul e em Mato Grosso, abriga uma enorme diversidade de vida, com pelo menos 4.700 espécies entre animais e plantas. No entanto, os desafios enfrentados por este ecossistema são cada vez mais intensos e preocupantes.

Dados alarmantes apontam que o número de incêndios no Pantanal está atingindo níveis nunca antes vistos. Apenas neste ano, mais de 688 mil hectares já foram devastados pelo fogo, de acordo com informações do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA-UFRJ).

Ao considerar os 3.451 focos de incêndio registrados em todo o Pantanal, notamos um aumento exponencial de 2000%, em relação aos dados de 2023. O número de queimadas nos primeiros seis meses de 2024 já ultrapassa o total do mesmo período em 2020, que foi considerado um ano recorde de incêndios no bioma.

Um levantamento realizado pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) identificou 14 locais como pontos de origem dos incêndios mais recentes no Pantanal. Dentre esses, 12 são fazendas com Cadastro Ambiental Rural (CAR), e as duas restantes são áreas próximas à propriedades rurais. A Polícia Federal está investigando as causas das queimadas, que já se alastraram para pelo menos 100 propriedades rurais na região, e a Força Nacional foi mobilizada para combater os focos de fogo.

A situação atual do Pantanal preocupa também os especialistas, que alertam para os graves prejuízos que a alta incidência de incêndios pode acarretar ao bioma. O professor da USP Pedro Luiz Côrtes ressalta que o fogo compromete a estrutura do solo, enquanto as elevadas temperaturas contribuem para a redução da disponibilidade de água no lençol freático.

Os impactos são agravados pelas mudanças climáticas e o desmatamento na Amazônia, que interferem no regime de chuvas. Com menos chuvas, o Pantanal passa a ter menos água disponível, o que afeta diretamente seu funcionamento natural. Segundo Côrtes, as chuvas tendem a migrar para camadas mais profundas do solo, ao invés de permanecer nas áreas de alagamento do bioma. Esse cenário de redução da capacidade de retenção de água traz consigo o risco de desertificação, o que teria consequências devastadoras para a biodiversidade local.

Dessa forma, a preservação do Pantanal se torna cada vez mais urgente e essencial, especialmente diante dos desafios que o bioma enfrenta. Garantir a manutenção da integridade desse precioso ecossistema é um trabalho que demanda a colaboração e ação de todos – desde autoridades até a população em geral. O futuro do Pantanal e de todas as espécies que nele habitam depende das escolhas e medidas que forem tomadas hoje. É hora de agir em prol da conservação e da proteção desse patrimônio natural único.

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