Como superar a lógica neocolonial: estratégias para atuar em múltiplas frentes

Por Redação
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Miguel de Barros atua em várias frentes – ambiental, social, cultural –, transitando de alternativas energéticas a políticas de inclusão de gênero e pesquisas em antropologia cultural, para mencionar somente algumas de suas múltiplas atividades. Nascido em Bissau, capital da Guiné-Bissau, em 1980, ele é sociólogo especializado em planejamento, investigador do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep), na Guiné-Bissau; do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Netccon-UFRJ), no Brasil; e membro do Conselho para o Desenvolvimento de Pesquisa em Ciências Sociais em África (Codesria). Foi responsável pela elaboração de várias políticas públicas na Guiné-Bissau, contemplando questões como sustentabilidade ambiental, segurança alimentar, inclusão de gênero e inclusão de pessoas portadoras de deficiências.

Desde 2012, Miguel de Barros dirige a organização não governamental Tiniguena, engajada na proteção da biodiversidade, promoção da consciência ambiental e construção de modelos duráveis de bem-estar social; e é o fundador da Corubal, uma cooperativa de divulgação de obras científicas e culturais em seu país. Reconhecido por sua atuação, foi eleito pela Confederação da Juventude da África Ocidental a personalidade mais influente do ano de 2018 e recebeu o Prêmio Humanitário Pan-Africano de Excelência em Pesquisa e Impacto Social em 2019. Anualmente, ele visita o Brasil, onde desenvolve atividades de pesquisa racial e religiosa no Recôncavo Baiano e pesquisa ambiental e social na Amazônia, em temporadas de três meses, como parte de sua agenda diversificada.

Autor de vários livros, Miguel de Barros está novamente no Brasil para lançar suas produções mais recentes e tratar do tema “Mudanças climáticas, transição energética e soberania alimentar na África: Desafios e Alternativas”, na 6ª Conferência FAPESP 2024.

Profundamente influenciado pelo legado de Amílcar Cabral, líder da independência da Guiné-Bissau, e pela atuação na África dos brasileiros Paulo Freire e Milton Santos, Miguel de Barros destaca a importância de atuar em múltiplas frentes para enfrentar desafios neocoloniais e neoliberais.

Sobre os impactos das mudanças climáticas na África, Miguel de Barros destaca as inundações, secas, salinização dos campos agrícolas e outros desafios enfrentados pelo continente. Ele ressalta a necessidade de respostas integradas que envolvam justiça social e regulação das formas de produção e consumo.

Quanto à transição energética na África, Miguel de Barros defende um processo gradual e ético, que priorize a segurança alimentar e o acesso universal à energia limpa. Ele destaca o potencial solar, eólico e hídrico do continente como fontes fundamentais de energia sustentável.

Enquanto discute o pan-africanismo, Miguel de Barros destaca os avanços da União Africana e a busca por maior autonomia econômica e cultural. Ele ressalta a importância das diásporas africanas e da cultura popular na promoção da identidade africana e na construção de um futuro mais justo e solidário.

Em relação ao legado dos grandes líderes africanos do passado, Miguel de Barros destaca a atualização dessas figuras na cultura contemporânea, evidenciando como sua influência transcende o âmbito político e se reflete na autoestima e na consciência cívica das novas gerações.

Informações da Agência FAPESP

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