A NASA e o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA estão unindo forças em uma iniciativa ambiciosa para reduzir as taxas de câncer em 50% nos próximos 25 anos. Avanços significativos na pesquisa realizada na Estação Espacial Internacional (ISS) estão revolucionando a compreensão e o tratamento do câncer, com descobertas que prometem transformar a forma como os medicamentos são administrados e melhorar a detecção precoce da doença.
“Por que vamos ao espaço?” perguntou o administrador da NASA, Bill Nelson, a uma pequena plateia na sede da NASA na semana passada (via Space.com). “Vamos explorar os céus, mas também para melhorar a vida aqui na Terra, e isso inclui combater essa temida doença que conhecemos como câncer.”
Nelson estava falando em um evento realizado em conjunto com o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA (HHS) para dar uma atualização sobre o progresso que as respectivas agências estão fazendo em relação à iniciativa Cancer Moonshot da Casa Branca, lançada originalmente em 2016.
A iniciativa Cancer Moonshot
O programa envolve a colaboração entre cientistas da NASA, médicos e pesquisadores, juntamente com o governo federal dos EUA, todos com o objetivo de reduzir as taxas nacionais de câncer em pelo menos 50% nos próximos 25 anos.
De acordo com o site da Casa Branca, “estamos construindo um mundo onde a palavra ‘câncer’ perde seu poder, um diagnóstico não é uma sentença de morte, prevenimos o câncer antes que ele comece, detectamos o câncer cedo para que as pessoas vivam mais e com mais saúde, e os pacientes e suas famílias não precisam enfrentar a jornada do câncer sozinhos.”
Este é um objetivo ambicioso. O câncer está entre as principais causas de morte em todo o mundo, com quase 20 milhões de novos casos e 9,7 milhões de mortes relacionadas ao câncer reportadas apenas em 2022, segundo o Instituto Nacional do Câncer (NCI), e esses números só tendem a aumentar.
Desafios na detecção e tratamento do câncer
Complicando a questão está o fato de que nem todos os cânceres são iguais — apenas alguns têm protocolos bem estabelecidos de detecção precoce, sem mencionar as opções de tratamento e taxas de sobrevivência promissoras.
Por exemplo, o câncer de mama tem uma taxa de sobrevivência de quase 90% em cinco anos, enquanto cânceres de pulmão, fígado, cólon e reto (o último dos quais está aumentando em termos de diagnóstico), têm resultados menos favoráveis.
Pesquisa espacial e o câncer
Os cientistas da NASA estão em uma posição única para ajudar a explorar como as células cancerígenas se desenvolvem, funcionam e respondem ao tratamento, disse Nelson. Testar tumores fora do corpo não é um conceito novo, mas as células se comportam de maneira diferente no espaço sob microgravidade. Nesse ambiente, as células ficam extremamente estressadas, causando um envelhecimento mais rápido e, quando cancerosas, um progresso da doença mais rápido do que na Terra.
Muitas experiências são conduzidas na Estação Espacial Internacional (ISS), que contém o laboratório de microgravidade mais sofisticado do mundo. E algumas dessas experiências são particularmente focadas em pesquisas sobre o câncer.
Avanços recentes na pesquisa
“Os astronautas e as equipes na Terra realizam pesquisas inovadoras todos os dias, e desde novembro de 2000, tivemos quase 4.000 diferentes experimentos representando mais de 5.000 pesquisadores de mais de 100 países”, afirmou Jenny Turner, representante do Escritório de Integração de Pesquisa da Estação Espacial na NASA Johnson Space Center, durante a coletiva.
De fato, progressos emocionantes foram recentemente feitos em áreas como cristalização de proteínas, entrega de medicamentos por nanopartículas, engenharia de tecidos e pesquisa com células-tronco. Essas descobertas permitiram que os cientistas testassem e criassem medicamentos melhores, minimizando a necessidade de testes em animais.
Caso de sucesso: Keytruda
Nelson também mencionou um sucesso particular envolvendo um conhecido medicamento anticâncer chamado Keytruda, possibilitado por uma série de descobertas na ISS. “É uma coisa desenvolver um medicamento ou terapêutico, mas é outra garantir que [ele] seja administrado da maneira mais eficaz — para que chegue a um alvo preciso no corpo”, explicou. “[Nós] conseguimos desenvolver métodos de crescimento de cristais de proteínas que possibilitaram administrar o Keytruda [na Terra] de uma nova maneira, por injeção intravenosa (IV).”
Anteriormente, o Keytruda exigia várias horas para ser administrado, o que representa um fardo para os pacientes e sistemas de saúde. “Mas ao desenvolver o medicamento para uma infusão IV, [ele pode agora] ser administrado por um médico em apenas 20 minutos”, disse ele. Em colaboração com a empresa farmacêutica Merck, a equipe agora aguarda a aprovação do próximo passo para o Keytruda: uma injeção rápida.
Novas técnicas de detecção
Os cientistas da NASA também estão trabalhando no desenvolvimento de métodos mais sofisticados de detecção de células cancerígenas, que estão sendo incorporados ao programa de vigilância de saúde dos astronautas para identificar certos cânceres mais cedo e tornar essas medidas mais amplamente disponíveis.
Em resumo, a pesquisa espacial está desempenhando um papel fundamental na luta contra o câncer, trazendo avanços significativos na compreensão da doença, no desenvolvimento de novos tratamentos e na melhoria da detecção precoce. Com a colaboração entre a NASA, o governo federal e outras instituições, a esperança é que a iniciativa Cancer Moonshot possa cumprir sua missão de reduzir drasticamente as taxas de câncer e melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas por essa doença devastadora.