O Ministério da Saúde anunciou nesta semana duas mortes decorrentes de febre oropouche na Bahia. Ambas as vítimas são jovens mulheres sem histórico de comorbidades, ou seja, sem outras doenças que pudessem agravar o quadro clínico. Esses são os primeiros óbitos por essa doença registrados no mundo, de acordo com as autoridades de saúde – nenhum relato semelhante havia sido documentado até então na literatura científica.
Os registros ocorreram em pacientes de 24 anos, residente de Valença, e 22 anos, moradora de Camamu. Além dessas mortes confirmadas, uma terceira suspeita está em análise em Santa Catarina. A distância geográfica entre as áreas afetadas acende um sinal de alerta nas autoridades de saúde, mas ressaltam que é importante manter a informação à população como foco principal nesse momento.
A relativa ampliação de casos e os primeiros óbitos podem estar correlacionados com a intensificação dos testes realizados para detectar a doença. Desde 2023, o Ministério da Saúde expandiu a testagem para todo o território nacional, disponibilizando exames em Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen) em todo o país.
O surto que costumava se concentrar na região Norte do Brasil, agora se estende por 20 estados do país, com um total de 7.236 casos notificados neste ano. Embora o Amazonas e Rondônia liderem em números de ocorrências, a atenção agora se volta para as áreas sul e leste da Bahia, onde há um receio de disseminação.
Os sintomas apresentados pelas vítimas se assemelham aos da dengue: febre, dor de cabeça, dores musculares, abdominais, diarreia, náuseas, vômitos e, em um dos casos, manchas vermelhas e roxas na pele, juntamente com sangramento nasal e gengival. O rápido agravamento levou ao óbito em menos de cinco dias após o início dos sintomas, sendo um desfecho raro, já que a maioria dos pacientes se recupera sem sequelas e em até sete dias.
A febre oropouche é provocada pelo vírus Orthobunyavirus oropoucheense, transmitido principalmente pelo mosquito Culicoides paraenses, conhecido popularmente como maruim ou mosquito-pólvora em determinadas regiões do país. O mosquito é capaz de transmitir o vírus após picar uma pessoa ou animal infectado, podendo passá-lo para outras se picar novamente enquanto o vírus estiver em sua corrente sanguínea.
Nesse contexto, é importante salientar que a febre oropouche não é uma doença nova, sendo identificada pela primeira vez no Brasil em 1960, quando cientistas isolaram o vírus a partir de uma amostra de sangue de um bicho-preguiça na construção da rodovia Belém-Brasília. Registros episódicos e surtos pequenos ao longo dos anos têm sido identificados na região amazônica e em países da América Central e do Sul.
Animais como bichos-preguiça e macacos são hospedeiros naturais desse vírus, caracterizando a febre oropouche como uma zoonose. Para mais informações sobre a doença e medidas de prevenção, os cidadãos podem acessar o site do Ministério da Saúde. Em caso de suspeita de sintomas, a recomendação é procurar um profissional de saúde para avaliação e orientação adequada.
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