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Crise climática: sociólogo alerta que modelo econômico atual não é a solução

Qualquer resposta substantiva à crise climática deve passar pelo enfrentamento das enormes assimetrias entre os chamados Norte e o Sul globais e, no âmbito dos países do Sul, das lógicas neoliberais e neocoloniais. Esse foi o fio condutor da palestra proferida pelo sociólogo e pesquisador Miguel de Barros na 6ª Conferência FAPESP 2024.

Nascido na Guiné-Bissau em 1980 e atuando desde os 14 anos em movimentos sociais, Barros é cofundador do Centro de Estudos Sociais Amílcar Cabral (Cesac) e dirigente da organização não governamental Tiniguena. Membro do Conselho para o Desenvolvimento da Pesquisa em Ciências Sociais em África (Codesria) e participante de diversas entidades, foi responsável pela elaboração de várias políticas públicas na Guiné-Bissau e em outros países da África, contemplando questões como sustentabilidade ambiental, segurança alimentar, inclusão de gênero, entre outros.

No bojo de uma larga exposição de dados quantitativos, Barros sublinhou o contraste entre a riqueza de recursos naturais e a dramática condição socioeconômica das populações da África. Barros apontou dados preocupantes sobre a situação de fome e insegurança alimentar na região, destacando a importância da mão de obra feminina na agricultura africana e os impactos da desigualdade global no acesso à energia.

Segundo o sociólogo, os impactos atribuídos às mudanças no clima nem sempre decorrem de fatores puramente climáticos, mas sim de questões de justiça social. Ele denunciou a exploração e a poluição que afetam diretamente as populações africanas, criticando o modelo econômico neoliberal e neocolonial que perpetua a desigualdade e a exploração de recursos.

Barros ressaltou a importância da ética diplomática e de soluções baseadas na natureza no contexto de cada país, alertando para a emergência climática e colonial que atualmente enfrentamos. Ele defendeu a necessidade de mudança no estilo de vida e nos modelos de produção para enfrentar os desafios da crise climática e da justiça social.

A palestra de Miguel de Barros faz parte da 6ª Conferência FAPESP 2024, que teve como tema “Mudanças Climáticas, Transição Energética e Soberania Alimentar na África: Desafios e Alternativas”. O evento contou com a coordenação do professor Carlos Alfredo Joly, da Unicamp, e a moderação da professora Maria Hermínia Tavares de Almeida, do Cebrap.

A conferência completa pode ser assistida no seguinte link: www.youtube.com/live/_WR-S_CRR7A.

Informações da Agência FAPESP

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