Agência usa inteligência artificial para criar ‘dublês digitais’ de artistas.

Por Redação
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A utilização da inteligência artificial (IA) para criar e armazenar “dublês digitais” está se tornando uma realidade cada vez mais presente no mundo do entretenimento. A Creative Artists Agency (CAA), uma das maiores agências de talentos do mundo, lançou a iniciativa CAA Vault com o intuito de proteger as imagens e vozes de seus clientes, abrindo as portas para um novo mercado de artistas virtuais.

Em parceria com o Clear Angle Studios, especializado em escaneamento 3D e efeitos visuais para grandes produções cinematográficas, a CAA montou estúdios em Londres, no Reino Unido, e em Los Angeles, nos Estados Unidos. Nestes estúdios, os artistas passam por um minucioso processo de escaneamento e captura de movimentos, com o objetivo de criar um dublê digital autêntico e fiel ao original.

O escaneamento corporal envolve 17 tipos diferentes de iluminação para capturar detalhes dos músculos e da forma de caminhar do artista. Já a captura de expressões faciais é feita por meio de uma máquina chamada Dorothy, equipada com centenas de câmeras que registram 76 expressões diferentes da face em uma sequência rápida de fotos. Além disso, os artistas são direcionados a gravar centenas de frases em um estúdio de som para fornecer uma ampla gama de sons destinados a criar monólogos e diálogos.

Com o dublê digital criado, os clientes do CAA Vault garantem os direitos sobre suas imagens e vozes, impedindo o uso não autorizado ou sem pagamento prévio. Liz Randall, chefe de operações comerciais da CAA, destaca que a proposta não visa substituir os artistas originais, mas sim complementar e expandir suas possibilidades de atuação.

As potencialidades da tecnologia de dublês digitais são vastas. Cantores podem enviar mensagens personalizadas em vídeo para fãs de todo o mundo, atores podem gravar cenas remotamente e até mesmo artistas falecidos podem ter sua imagem preservada para uso familiar. No entanto, a tecnologia também apresenta riscos, como a criação de deepfakes, que levantam questões éticas e legais sobre o uso indevido de imagens e vozes de terceiros.

A utilização de réplicas digitais gerou debates acalorados durante uma greve em Hollywood em 2023, evidenciando a complexidade e sensibilidade do tema. Ainda assim, a Creative Artists Agency aposta no potencial da tecnologia para inovar a indústria do entretenimento, abrindo novas possibilidades de criação e distribuição de conteúdo.

Em suma, a introdução de dublês digitais a partir da inteligência artificial está mudando a forma como artistas e público interagem no cenário multimídia. A discussão sobre os limites éticos e legais dessa tecnologia certamente continuará nos próximos anos, promovendo reflexões profundas sobre a natureza da autenticidade e da representação artística.

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