Um estudo realizado por pesquisadoras da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e publicado no periódico Healthcare acompanhou 125 trabalhadores da área de saúde por um ano para analisar as relações entre relatos de dores musculoesqueléticas, qualidade de sono e níveis de estresse.
De acordo com Tatiana Sato, docente do Departamento de Fisioterapia e do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da UFSCar e uma das autoras do artigo, o estresse e o burnout aumentaram as chances de relatos de dores no corpo, enquanto a qualidade ruim do sono também contribuiu para esses relatos. Uma análise mais profunda revelou que as pessoas estressadas ou em burnout tendem a dormir pior, o que pode explicar parte das dores sentidas.
O estudo, realizado durante a pandemia de COVID-19, buscou compreender as condições de trabalho dos profissionais da saúde que podem aumentar o risco de desenvolvimento de dores musculoesqueléticas. Aspectos psicossociais, como sentimento de injustiça, insatisfação, falta de controle e demandas excessivas, podem levar a quadros de estresse e burnout, afetando o equilíbrio entre as demandas e a capacidade do trabalhador.
A pesquisa, financiada pela FAPESP e denominada “Heroes – Health conditions of healthcare workers”, contou com a participação do Departamento de Enfermagem da UFSCar. Apesar de estudos globais apontarem a alta prevalência de estresse, insônia e má qualidade do sono em profissionais da saúde, a relação entre esses aspectos e dores musculoesqueléticas ainda não havia sido explorada amplamente na literatura.
A metodologia do estudo envolveu a coleta de dados eletrônica ao longo de um ano, com amostra de trabalhadores entre 18 e 60 anos vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS). O estresse foi medido pelo Questionário Psicossocial de Copenhague (COPSOQ II-Br), a qualidade do sono pelo Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI-Br) e a presença de dor pelo Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO).
Os resultados indicaram que o estresse e o burnout estão associados à dor multirregional, sendo a qualidade do sono um mediador significativo dessa relação. A maioria dos participantes apresentou qualidade do sono ruim, o que pode contribuir para problemas de saúde e aumentar a sensibilidade à dor.
As autoras destacam a importância de intervenções ergonômicas e de gestão do estresse e do sono para melhorar a saúde musculoesquelética dos profissionais da saúde. A redução do estresse e do burnout, juntamente com a melhoria da qualidade do sono, pode ajudar a amenizar as dores relatadas pelos trabalhadores.
Informações da Agência FAPESP