Alex Ruane apresentará nesta sexta-feira (30/08), na FAPESP, a conferência “Mudanças Climáticas e Segurança Alimentar – dos Modelos às Avaliações e Soluções”. Ruane é pesquisador no Instituto Goddard de Estudos Espaciais da Nasa, onde codirige o Grupo de Impactos Climáticos. Também é cientista associado do Centro de Pesquisa de Sistemas Climáticos da Universidade de Columbia, na cidade de Nova York. Integrou a equipe de redação do 6º Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC AR6), da Organização das Nações Unidas, e foi o autor principal do capítulo 12, que traz informações sobre riscos climáticos.
Parte da série Conferências FAPESP 2024, sua apresentação vai tratar de soluções sustentáveis para mitigação e adaptação às mudanças climáticas, apontando também os limites de tolerância para a reprodução de determinadas espécies. Como preparação para o evento, Ruane concedeu à Agência FAPESP esta entrevista exclusiva.
Recentemente, houve um grande alvoroço na mídia causado pela falsa notícia de que o Brasil poderia se tornar inabitável nos próximos 50 anos. Essa desinformação, posteriormente desmentida por vários pesquisadores sérios, foi baseada em uma citação retirada de contexto da reportagem “Too Hot to Handle”, publicada no site da Nasa. De todo esse imbróglio, fica uma pergunta: considerando os cenários atuais, é possível fazer afirmações realmente consistentes sobre regiões que se tornarão inabitáveis no futuro? Quais são essas regiões? Alex Ruane responde que projetar condições ‘inabitáveis’ é desafiador devido à complexidade das interações climáticas e sociais.
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A palestra de Ruane abordará soluções sustentáveis para mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Ele discutirá o planejamento de adaptação e de estratégias de mitigação a partir da análise de riscos específicos para a natureza e a sociedade. Destacará a importância de abordagens sistêmicas para o planejamento de estratégias eficazes.
Em relação à conciliação da sustentabilidade ambiental com o uso econômico da terra, Ruane destaca a necessidade de políticas e investimentos que considerem as múltiplas interações entre pressões socioeconômicas, como o desmatamento e a produção de alimentos. Ele ressalta a importância de vincular o planejamento de mitigação e adaptação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para garantir sinergias que equilibrem prioridades ambientais, sociais e econômicas.
No que diz respeito à colaboração interdisciplinar, Ruane acredita que os impactos climáticos exigem uma abordagem colaborativa entre cientistas do clima e especialistas de diversos campos, como agronomia, economia e saúde. Ele destaca a importância de pesquisas sobre intervenções de mitigação e adaptação climáticas que possam ser implementadas com sucesso e mantidas a longo prazo.
Por fim, em relação à evolução das políticas globais e regionais em resposta às mudanças climáticas, Ruane ressalta a importância de aumentar as condições favoráveis que facilitam a implementação bem-sucedida de medidas de adaptação e mitigação, bem como investir em soluções proativas que antecipem desafios futuros. Ele enfatiza a necessidade de desenvolver a próxima geração de adaptações por meio de pesquisa colaborativa e engajamento das partes interessadas.
Informações da Agência FAPESP