Experimento realizado por pesquisadores da Universidade de Franca (Unifran), no interior de São Paulo, mostrou que o uso de micro e nanogéis contendo ferro é uma alternativa para otimizar o processo de germinação de sementes de pepino.
Os micro e nanogéis são uma classe de polímeros, sistemas coloidais com estrutura interna semelhante a um gel (incha quando exposto a um solvente) e tamanho que varia de alguns micrômetros (microgéis) até nanômetros (nanogéis). Os sistemas poliméricos são utilizados de diversas formas na agricultura, pois promovem a liberação controlada de agroquímicos e são compostos indutores de absorção de água.
O pepino (Cucumis sativus) foi utilizado no projeto por ocupar uma posição de destaque entre as hortaliças cultivadas e consumidas globalmente, sendo comumente usado como modelo para estudos agrícolas e classificado entre os quatro vegetais mais plantados no mundo, depois do tomate, do repolho e da cebola.
No estudo, os autores fizeram duas comparações. Uma confrontou a utilização do tratamento com polímeros puros com o uso apenas de água. Na outra, foram analisadas as diferenças entre o tratamento com polímeros contendo ferro e o realizado com água com ferro.
Os resultados, divulgados no Journal of Agricultural and Food Chemistry, apontam que o uso dos polímeros puros ou contendo ferro estimulou o processo de germinação e de crescimento da planta. “Além disso, o nanogel contendo ferro foi capaz de levar maior concentração da substância a certas regiões celulares [embrião e cotilédone] da semente, o que pôde ser avaliado por uma técnica chamada fluorescência de raios X. Isso estimulou melhora no tamanho da raiz e do caule”, conta Eduardo Molina, químico industrial, pesquisador da Unifran e coordenador do estudo.
A possível toxicidade dos polímeros empregados também foi avaliada por meio de ensaios com peixes-zebra, que foram expostos ao material durante 96 horas. O resultado foi negativo, ou seja, o material se mostrou seguro para aplicação sem risco de contaminação.
De acordo com os autores, as conclusões obtidas evidenciam os benefícios proporcionados ao desenvolvimento da planta, não deixando dúvidas dos ganhos que o método pode oferecer à agricultura, sem o risco de impactar negativamente o meio ambiente.
Os próximos passos do projeto incluem avaliar o efeito do tratamento na semente durante todo o estágio do crescimento da planta e utilizar o sistema como forma de liberação controlada para a nutrição das folhas.
O artigo “Facilitating Seed Iron Uptake through Amine-Epoxide Microgels: A Novel Approach to Enhance Cucumber (Cucumis sativus) Germination” pode ser lido em: https://pubs.acs.org/doi/10.1021/acs.jafc.4c01522.
Informações da Agência FAPESP