Estudo da doença de Alzheimer em indivíduos com síndrome de Down utilizando técnica de medicina nuclear

Por Redação
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Pessoas com síndrome de Down apresentam envelhecimento acelerado e grande incidência da doença de Alzheimer na velhice. Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) mapearam, por meio de técnicas de medicina nuclear, a presença de neuroinflamação e de um marcador importante desse tipo de demência: a placa beta-amiloide, formada por fragmentos de peptídeo amiloide que se depositam entre os neurônios causando inflamação e interrompendo a comunicação neural.

Este estudo inovador observou como se dá a neuroinflamação nessa população por meio de tomografia por emissão de pósitrons (PET), com uso de radiofármacos específicos, sendo o primeiro no mundo a realizar esse tipo de análise. A pesquisa, realizada em parceria com o Instituto Jô Clemente, permitiu avaliar o cérebro de indivíduos com síndrome de Down de diferentes faixas etárias.

Já é conhecido que o processo de envelhecimento nessa população ocorre cerca de 20 anos adiantado, com menopausa precoce e diagnóstico de doença de Alzheimer após os 40 anos. O gene da proteína precursora amiloide (APP) está localizado no cromossomo 21, triplicado na síndrome de Down, levando a uma maior produção de beta-amiloide. Este estudo foi importante para compreender os padrões de neuroinflamação no cérebro vivo de pessoas com síndrome de Down.

Além disso, os pesquisadores acompanharam a progressão da neuroinflamação e das placas beta-amiloide em camundongos geneticamente modificados para desenvolver uma condição semelhante à síndrome de Down. A metodologia utilizada no estudo apresenta uma ferramenta importante para diferenciar casos de doença de Alzheimer de outras demências e estudar a progressão da doença em populações específicas.

O estudo foi apresentado durante o Simpósio de Imagem Molecular realizado no Instituto de Radiologia do HC-FM-USP, comemorando os dez anos da primeira imagem amiloide obtida no Brasil. A técnica de tomografia por emissão de pósitrons, aliada a outras análises, permite visualizar as placas e o avanço da neuroinflamação no cérebro humano vivo, sendo uma importante contribuição para a pesquisa em neuroimagem molecular em doenças neurodegenerativas.

Durante o evento, o presidente da FAPESP destacou a importância da ciência produzida em São Paulo e apresentou oportunidades de financiamento para jovens cientistas. O simpósio contou com a presença de especialistas nacionais e internacionais discutindo os aspectos mais atuais da pesquisa em neuroimagem molecular, incluindo o uso de biomarcadores, inteligência artificial e a síndrome de Down como modelo de estudo para doenças neurodegenerativas.

Informações da Agência FAPESP

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