Efeitos cardiorrespiratórios e no sono na vida adulta causados pela exposição intrauterina a canabinoide em ratos

Por Redação
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A exposição de ratas grávidas a um canabinoide sintético, capaz de ativar os mesmos receptores cerebrais da maconha, resultou em efeitos duradouros nos filhotes que se estenderam à vida adulta. Um estudo publicado no American Journal of Physiology – Lung Cellular and Molecular Physiology destaca os problemas cardiovasculares nas fêmeas e maior suscetibilidade a ataques de pânico nos machos como resultados dessa exposição. O alerta sobre o uso desse tipo de substância por mulheres grávidas é reforçado.

Realizado com apoio da FAPESP, o estudo foi conduzido por pesquisadores das universidades Estadual Paulista (Unesp) e de São Paulo (USP). Os pesquisadores observaram alterações de longo prazo no comportamento e na função cardiorrespiratória dos animais expostos ao canabinoide ainda no útero materno, com variações entre machos e fêmeas.

Em relação ao estudo anterior com recém-nascidos, não foram identificadas alterações na respiração basal dos indivíduos adultos no experimento atual. Entretanto, a exposição intrauterina ao canabinoide acarretou em uma maior sensibilidade respiratória ao dióxido de carbono nos machos adultos, o que pode ser um indício de comportamento de fuga que remete a episódios de pânico em humanos.

Os resultados mostram que a exposição ao canabinoide durante o desenvolvimento fetal pode predispor a prole a disfunções cardiovasculares na idade adulta, com destaque para hipertensão e taquicardia nas fêmeas. Além disso, os machos apresentaram padrões de sono mais fragmentados e uma redução do tempo total dormido, enquanto as fêmeas expostas também demonstraram redução na qualidade do sono, embora de forma menos intensa.

A distinção entre machos e fêmeas revelou respostas diferentes, possivelmente influenciadas pelos hormônios sexuais específicos de cada gênero, como o estrógeno com ação neuroprotetora nas fêmeas. A maturação mais lenta do sistema respiratório nos machos durante o período de masculinização também pode deixá-los mais vulneráveis aos efeitos do canabinoide.

Os pesquisadores ressaltam que os resultados não decorrem de diferenças na atenção materna, uma vez que as mães expostas ao canabinoide receberam os mesmos cuidados que as do grupo controle. O estudo completo pode ser acessado em: https://journals.physiology.org/doi/abs/10.1152/ajplung.00042.2024.

Informações da Agência FAPESP

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