Em estudo recente publicado no periódico Annals of Botany, cientistas do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP) realizaram uma análise da história evolutiva do grupo de plantas Bocageeae, desde sua origem na África até sua dispersão pelos biomas neotropicais nas Américas. Os resultados revelaram que mamíferos e aves frugívoras desempenharam um papel fundamental na disseminação dessas plantas por regiões geograficamente separadas.
As plantas pertencentes ao grupo Bocageeae são um exemplo de disjunção vegetal, caracterizada pela presença de espécies vegetais em áreas distintas e independentes. Atualmente distribuídas em diversas regiões neotropicais, essas plantas apresentam uma separação geográfica marcante entre a África e as Américas, atravessando o oceano Atlântico.
Para compreender como essa separação aconteceu, os pesquisadores do IB-USP reconstruíram a filogenia das plantas Bocageeae a nível de espécie, utilizando dados moleculares e analisando sequências de DNA para reconstruir seus frutos antigos.
O estudo destacou que as Bocageeae se originaram na África e na proto-Amazônia durante o Eoceno Inferior, caracterizadas por frutos grandes e coloridos, com poucas sementes de grande porte e deiscentes. A dispersão dessas plantas para as Américas ocorreu através de interações com animais frugívoros, como morcegos, elefantes e aves.
O artigo, intitulado Dispersal from Africa to the Neotropics was followed by multiple transitions across Neotropical biomes facilitated by frugivores, pode ser acessado em: https://academic.oup.com/aob/article/133/5-6/659/7424320.
Essa pesquisa foi financiada pela FAPESP por meio de três projetos e contou com a participação de pesquisadores de diversas instituições internacionais. A importância desse estudo foi reconhecida com a premiação “Jovens Talentos” da Comissão de Pesquisa e Inovação do IB-USP, destacando a relevância de abordagens integrativas para compreensão da história evolutiva e adaptações das plantas no contexto das mudanças climáticas atuais.
Informações da Agência FAPESP