Pesquisadores do Brasil e Itália procuram novas drogas para o Alzheimer em resíduos industriais

Por Redação
3 Min

Autointitulada uma entusiasta da colaboração Brasil-Itália, a pesquisadora Laura Bolognesi criou no Departamento de Farmácia e Biotecnologia da Università di Bologna (Unibo) o B2AlzD2 Joint Lab, que é o primeiro laboratório conjunto Brasil-Bologna e se dedica ao desenvolvimento de novas drogas para o tratamento de Alzheimer. Entre os parceiros estão cientistas das universidades Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), de Brasília (UnB), de São Paulo (USP Ribeirão Preto) e de Minas Gerais (UFMG).

Um dos projetos em andamento no laboratório busca identificar compostos com potencial de serem explorados no desenvolvimento de drogas em resíduos industriais, particularmente no líquido da casca da castanha-de-caju (LCC), um óleo natural considerado um subproduto do processamento industrial da castanha-de-caju, com alto teor de compostos fenólicos.

A linha de pesquisa e os princípios que guiam os trabalhos do grupo foram apresentados por Bolognesi. “É preciso integrar na busca de moléculas bioativas o conceito de sustentabilidade. Esta deve ser a palavra-chave”, defendeu Bolognesi em sua apresentação. Os trabalhos do grupo também adotam uma abordagem de Saúde Única (One Health). Idealizado no início do século, esse conceito se refere a uma abordagem integrada, que reconhece a conexão entre a saúde humana, animal, vegetal e ambiental. Outra preocupação do B2AlzD2 Joint Lab é integrar princípios de química verde em seu pipeline de desenvolvimento de fármacos.

O professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Luiz Carlos Dias foi outro integrante da mesa. Ele apresentou o trabalho de um consórcio internacional criado para apoiar a busca por novos medicamentos contra a doença de Chagas e a malária. A iniciativa reúne, além da Unicamp, a USP e duas organizações sem fins lucrativos: Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi) e Medicines for Malaria Venture (MMV). O grupo recebe apoio da FAPESP por meio do Programa de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE).

À Agência FAPESP, Dias explicou que o consórcio recebe da DNDi e da MMV informações sobre a estrutura das moléculas a serem estudadas, todas livres de patente. O painel ainda contou com a presença de Monica Cricca, pesquisadora do Departamento de Ciências Médicas e Cirúrgicas da Unibo que desenvolve equipamentos voltados ao diagnóstico de infecções. Um dos objetivos de seu grupo é desenvolver um sistema de vigilância para a detecção de Candida auris, um superfungo resistente a várias classes de drogas e capaz de causar infecções graves.

Ana Cristina Gales, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e vice-coordenadora do Instituto Paulista de Resistência aos Antimicrobianos (Projeto ARIES), também participou do evento. As discussões foram moderadas por Bolognesi e por Niels Olsen Saraiva Câmara, professor da USP e assessor do diretor científico da FAPESP.

Informações da Agência FAPESP

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