A Deezer se tornou a primeira plataforma de streaming de música a assinar a Declaração sobre Treinamento de Inteligência Artificial. O documento tem mais de 31 mil signatários, entre compositores, escritores e organizações artísticas. Entre as entidades brasileiras que aderiram ao manifesto destacam-se artistas renomados e associações ligadas ao meio musical. “O uso não licenciado de obras criativas para o treinamento de IA generativa é uma ameaça injusta e significativa ao rendimento das pessoas por trás dessas obras, e não deve ser permitido”, salientou o site oficial da Deezer, reforçando a importância de proteger os direitos autorais dos artistas.
Alexis Lanternier, CEO da Deezer, também se pronunciou sobre o compromisso da plataforma em defender o direito dos artistas e compositores. Lanternier afirmou que a empresa continuará a fazer a sua parte para proteger os direitos dos criadores, incluindo o desenvolvimento de um novo modelo de remuneração para streaming, bem como a implementação de tecnologias de detecção de IA e combate à fraude.
Parte dos esforços da Deezer inclui a implementação de ferramentas para identificar conteúdos gerados por IA, como vozes falsificadas. A equipe de desenvolvimento da empresa, composta por 15 membros de diferentes áreas, tem se dedicado nos últimos 10 anos a aprimorar algoritmos de detecção. Utilizando técnicas avançadas de aprendizado de máquina e inteligência artificial, a Deezer busca garantir a eficácia desses algoritmos e fortalecer a proteção dos direitos autorais dos artistas envolvidos.
A iniciativa de assinar a Declaração sobre Treinamento de Inteligência Artificial foi liderada pelo compositor britânico Ed-Newton Rex, fundador da Fairly Trained, uma organização sem fins lucrativos que certifica empresas de IA generativa quanto às práticas de treinamento de dados que respeitam os direitos dos criadores. O manifesto chama a atenção para a importância de garantir a integridade das obras criativas e repercutiu entre grandes nomes da indústria cinematográfica, como Julianne Moore, Kevin Bacon e Tom Holland.
As preocupações em relação ao uso da IA no meio artístico ganharam relevância após a greve de atores e roteiristas americanos no ano passado, que durou mais de 100 dias. Esses eventos acarretaram um aumento na pressão por regulamentações que limitem o impacto da IA no setor cultural. Contudo, em setembro deste ano, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, vetou um projeto de lei que propunha regras mais rígidas para a aplicação de IA generativa na indústria criativa do estado, argumentando que a legislação poderia prejudicar a inovação no campo artístico e afugentar investimentos empresariais.
Com a adesão da Deezer à Declaração sobre Treinamento de Inteligência Artificial, a plataforma se posiciona como uma defensora dos direitos autorais no âmbito da inteligência artificial. Essa iniciativa reflete o comprometimento da empresa em proteger a propriedade intelectual dos artistas e potencializa o debate global sobre os desafios éticos e legais relacionados ao uso crescente da IA no setor cultural. Ações como a implementação de tecnologias de detecção e a promoção de um modelo de remuneração justo evidenciam a importância do diálogo entre a inovação tecnológica e a proteção dos direitos criativos.