O micróbio Deinococcus radiodurans, conhecido como “Conan, o Bactério”, é famoso por sua resistência excepcional à radiação. Sobrevive a doses bastante superiores às letais para humanos. Pesquisadores da Northwestern University e da Uniformed Services University (USU) dedicaram-se a analisar a química por trás dessa capacidade.
Além da radiação, o micróbio Conan apresenta resistência à desidratação, ao frio extremo e a ambientes ácidos. O estudo publicado no periódico PNAS desafia pressupostos anteriores sobre como essa bactéria enfrenta a radiação de forma tão eficaz.
A resistência do micróbio é atribuída a antioxidantes potentes que têm a capacidade de neutralizar os radicais de oxigênio antes que eles causem danos às proteínas essenciais para o reparo celular. Esses antioxidantes atuam como protetores da maquinaria biológica do micróbio.
Quando expostas à radiação, as células podem ser danificadas devido à formação de radicais superóxido, moléculas de oxigênio tóxicas que prejudicam os mecanismos de reparo celular. A combinação única de antioxidantes presentes no micróbio Conan, especialmente aqueles que contêm manganês, facilita sua sobrevivência diante da radiação.
Pesquisas anteriores salientaram o papel do MDP (manganês, fosfato e peptídeo) como um elemento crucial na defesa antioxidante do micróbio. Esses estudos inspiraram aplicações práticas, como a conservação de proteínas em vacinas esterilizadas por radiação.
A equipe liderada pelos cientistas Brian Hoffman e Michael Daly conduziu pesquisas para validar essas descobertas. Eles analisaram a interação entre os componentes do MDP e como trabalham em conjunto para proteger as células.
Foi descoberto que a combinação tripla de manganês, fosfato e peptídeo é mais eficaz do que qualquer par de componentes isolados, revelando a “potência mágica” desse sistema antioxidante. Hoffman descreveu essa descoberta como fundamental para compreender por que essa mistura é tão eficiente como radioprotetor e possui grande potencial para diversas aplicações.
A pesquisa agora abre caminho para novas tecnologias e avanços, destacando como um micróbio extraordinário pode inspirar inovações em vários setores. Estudos futuros poderão explorar a adaptação de antioxidantes à base de manganês para utilização em saúde, conservação de alimentos e medicamentos, e até mesmo para resistir às condições extremas de missões espaciais, como viagens a Marte.