A Crosta Rochosa da Terra pode parecer um ambiente árido e sem vida à primeira vista, mas, se explorarmos mais profundamente, podemos descobrir algo surpreendente. É nesse contexto que entram em cena os endolitos, organismos peculiares que habitam o interior das rochas e desafiam a noção tradicional de vida.
Os endolitos, termo derivado do grego que significa “dentro da rocha”, são organismos como bactérias, vírus, fungos, líquens, algas e amebas que conseguem sobreviver em condições extremas, como o interior de poros minerais e fendas ocultas nas formações geológicas. Eles deixam uma marca característica em suas moradas e conseguem resistir por milhões de anos, desafiando as expectativas da ciência.
De acordo com o IFLScience, esses organismos estão presentes em várias regiões do mundo, sendo mais facilmente observados em rochas expostas à superfície. Cientistas já documentaram a existência de colônias de micróbios no interior de monumentos maias de calcário, localizados no México. Além disso, eles também são encontrados em ambientes extremos, como os vales secos do sul da Terra de Vitória, na Antártida, e em regiões áridas, como os desertos da Califórnia (EUA) e de Israel.
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Apesar de não serem organismos adaptados a essas condições adversas, os endolitos conseguem prosperar nessas áreas devido à baixa competição com outras formas de vida. Essa capacidade de sobrevivência em ambientes inóspitos intriga os cientistas e lança luz sobre a diversidade e resiliência da vida na Terra.
Mas a vida subterrânea não se restringe aos endolitos. Um estudo do Deep Carbon Observatory revelou a existência de micróbios a incríveis distâncias de 2,5 km a 5 km abaixo da crosta terrestre, tanto nos continentes como no fundo do mar. Esses micróbios, entre bactérias, arqueas e alguns eucariotos multicelulares, representam 70% da vida microbiana do planeta e desafiam nossa compreensão sobre a distribuição da vida na Terra.
Os micróbios encontrados em profundidades extremas estão sujeitos a condições de calor intenso, pressão esmagadora, ausência de luz e escassez de nutrientes. Apesar desses desafios, eles desenvolvem “ciclos de vida em escala de tempo quase geológica”, inspirando os cientistas com sua capacidade de adaptação e resistência.
Além da diversidade e das peculiaridades desses micróbios, outra característica surpreendente é sua longevidade. Cientistas já recuperaram micróbios presos em camadas de sedimento marinho com 101,5 milhões de anos e os viram se multiplicar em laboratório. A permanência desses micróbios por tanto tempo na Terra desafia nossa noção de tempo e nos faz questionar a real extensão da vida microscópica no planeta.
Em suma, a vida nas profundezas da crosta terrestre, seja sob a forma de endolitos ou de micróbios subterrâneos, abre novas perspectivas sobre a biodiversidade e a resistência dos seres vivos. Essas descobertas nos lembram de que, mesmo nos lugares mais improváveis, a vida encontra formas de prosperar e desafiar as nossas noções preestabelecidas sobre o que significa estar vivo.