Brasil, África do Sul e Índia são as três maiores democracias consolidadas em seus respectivos continentes. Integrantes do BRICS, esses países enfrentam grandes desafios em um momento de crise global da democracia, paralela à crise climática global.
A especificidade da crise no chamado “Sul Global” e as diferentes conotações nos três países foram discutidas por Patrick Heller em uma conferência durante a Escola Interdisciplinar FAPESP 2024: Humanidades, Ciências Sociais e Artes. Heller, sociólogo doutor pela Universidade da Califórnia, destacou que o estado atual da democracia é preocupante, com retrocessos nunca vistos desde o período entre guerras.
Na Índia, o primeiro-ministro Narendra Modi é apontado como símbolo do nacionalismo hindu. Já na África do Sul, a era Zuma foi marcada por escândalos de corrupção. No Brasil, houve avanços no aprofundamento democrático entre 1991 e 2010, mas retrocessos durante o governo Bolsonaro.
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Heller ressaltou a importância da democracia na proteção do pluralismo, dos direitos humanos e na deliberação democrática para determinar o bem social. Ele destacou a necessidade de domar o poder em um contexto de transformações econômicas globais.
O pesquisador argumentou que as três democracias enfrentam o desafio da desigualdade, tornando a democracia um feito notável contra todas as probabilidades. A ascensão de líderes populistas em todo o mundo tem minado as democracias de maneira preocupante, desmontando os avanços e instituições democráticas.
A resiliência democrática, conforme Heller, está ligada ao comprometimento dos cidadãos e da sociedade civil. A luta contra os retrocessos e a defesa dos princípios democráticos são fundamentais para a manutenção e fortalecimento das democracias em meio aos desafios atuais.
Informações da Agência FAPESP