O panorama das ciências biomédicas atualmente é vasto e diversificado, com avanços tecnológicos significativos em comparação com décadas passadas. O biólogo norte-americano Randy Schekman, ganhador do Nobel de Fisiologia ou Medicina em 2013, expressou preocupações sobre a produção científica em decorrência do predomínio de periódicos com viés comercial visando lucro exagerado. Schekman aponta a mudança na avaliação da qualidade científica, que antes era baseada na leitura dos artigos, mas agora é focada no local de publicação e no fator de impacto.
O pesquisador tem criticado a dependência dos chamados high profile journals e encorajou a comunidade acadêmica a evitar revistas como Nature, Science e Cell. Ele atribui a pressão por publicar nessas revistas renomadas como incitador para pesquisas apressadas e superficiais, desviando de trabalhos verdadeiramente relevantes. Schekman também aponta a falta de cientistas ativos como editores das revistas, favorecendo estudos com maior potencial de impacto.
Ao discutir a demora atual na formação acadêmica e na obtenção de emprego, Schekman enfatiza a importância da juventude no desenvolvimento criativo e ressalta sua própria trajetória breve até a docência. Ele destaca a pressão crescente para publicar mais artigos e realizar múltiplos pós-doutorados, retardando assim o ingresso no mercado de trabalho.
A passagem de Schekman por São Paulo, promovida pela FAPESP e USP através do programa Nobel Prize Inspiration Initiative, destacou suas pesquisas sobre o transporte vesicular em leveduras e no corpo humano, contribuindo para o entendimento de doenças como o diabetes. Após a morte de sua esposa, Schekman redirecionou sua carreira para pesquisar as bases moleculares do Parkinson, integrando a iniciativa Aligning Science Across Parkinson’s (Asap) com o objetivo de desenvolver tratamentos mais eficazes para essa doença neurodegenerativa complexa e em crescimento.
Informações da Agência FAPESP