Um estudo inédito realizado por pesquisadores da Universidade de Edimburgo, na Escócia, e do King’s College London, na Inglaterra, identificou 300 novos fatores de risco genético para a depressão. A pesquisa, que analisou dados genéticos de mais de 5 milhões de pessoas de 29 países, é considerada a maior e mais diversa já feita sobre genética da depressão.
Com o total de 700 variações genéticas associadas à depressão identificadas, quase metade delas (300) nunca havia sido relacionada à condição. Essas variações estão ligadas a neurônios em regiões cerebrais que controlam as emoções, o que possibilita novos estudos experimentais para identificar que tipos de neurônios esses genes estão mais associados em termos de expressão gênica.
As descobertas do estudo oferecem novas pistas sobre como a depressão afeta o cérebro e abrem caminho para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes no futuro. O impacto da doença é enorme, sendo uma das principais causas de incapacidade no mundo e afetando cerca de 15% da população global ao longo da vida. Além disso, a depressão é frequentemente recorrente ou crônica, resultando muitas vezes em incapacidades persistentes mesmo com terapias farmacológicas e psicológicas.
Uma das abordagens inovadoras do estudo foi investigar mais de 1.600 medicamentos para determinar seu impacto nos genes ligados à depressão. Atualmente, de 20% a 30% das pessoas com depressão têm a forma resistente da doença, o que significa que não respondem a pelo menos duas medicações em dose e tempo adequados. Portanto, as descobertas deste estudo representam novas oportunidades de tratamento para esses pacientes.
Publicado na revista Cell, o estudo também ressalta a importância da diversidade dos participantes, incluindo pessoas de ancestrais não-europeus. Essa diversidade foi fundamental para os resultados alcançados, ampliando a compreensão sobre a variação genética relacionada à depressão e a possibilidade de novos avanços no campo.
Por meio da pesquisa, os cientistas esperam contribuir significativamente para a compreensão da complexidade da depressão e, consequentemente, para o desenvolvimento de intervenções mais eficazes e personalizadas. A identificação de novos fatores de risco genético é um passo importante para a transformação do tratamento da depressão e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes afetados.