Anéis de terra revelam segredos do passado da Austrália.

Por Redação

Um mistério intrigante envolve um conjunto de grandes anéis de terra nos arredores de Melbourne, na Austrália. Essas formações são dotadas de uma peculiaridade: não são naturais, mas sim resultado da intervenção humana. Os objetivos por trás da construção dos anéis permanecem como um enigma para os pesquisadores que se dedicam a desvendá-los.

Os anéis de terra na Austrália estão localizados na região de Wurundjeri Woi-wurrung Country, situada no subúrbio da cidade de Sunbury. Essas estruturas foram construídas há milhares de anos por meio da escavação e do amontoamento de terra em grandes círculos, podendo alcançar centenas de metros de diâmetro. Além disso, esses anéis não são meramente estruturas físicas, mas representam uma profunda conexão com a população tradicional aborígene da região, o povo Wurundjeri, para quem são considerados locais secretos e sagrados de iniciação e cerimônias.

Uma pesquisa recente, publicada na revista Australian Archaeology, lançou luz sobre essas misteriosas construções e revelou valiosos segredos sobre o passado do país e dos povos aborígenes que habitavam a região. Infelizmente, após a colonização europeia, grande parte dessas estruturas foi destruída, restando apenas cerca de 100 anéis, o que ressalta a importância do trabalho de preservação cultural realizado pelo povo Wurundjeri, considerado guardião desses monumentos nos arredores de Melbourne.

Uma das características mais fascinantes desses anéis de terra é que eles representam um ponto de encontro entre conhecimentos arqueológicos e saberes tradicionais do povo aborígene. Através de uma escavação realizada no Sunbury Ring G, um dos locais mais emblemáticos, foi possível aprofundar a compreensão sobre a história de ocupação, colonização, resistência e adaptação na região, refletindo a rica herança cultural dos povos indígenas.

Durante a escavação, foram datados e reanalisados 166 artefatos de pedra encontrados em 1979, fornecendo pistas valiosas sobre como os antigos aborígenes construíam e utilizavam ferramentas de pedra. Além disso, estimativas apontam que os anéis de terra foram construídos entre 590 e 1.400 anos atrás, envolvendo um complexo processo de limpeza do solo e montagem das estruturas circulares. Os pesquisadores também descobriram evidências que indicam o uso das ferramentas de pedra para atividades como acender fogueiras, caçar animais e realizar cerimônias dentro do círculo do anel.

Os padrões de desgaste e resíduos presentes em algumas peças de pedra sugerem que estas possam ter sido utilizadas na criação de adornos e até mesmo para ritualística de cicatrização da pele humana. Essas descobertas são fundamentais para compreender a complexidade e a importância dos anéis de terra, sendo o primeiro estudo a integrar abordagens culturais e arqueológicas sobre essas intrigantes estruturas na Austrália.

Diante do cenário de mudanças climáticas e transformações no ambiente, a preservação e o estudo desses monumentos ancestrais tornam-se ainda mais cruciais. Emerge, assim, a urgência em valorizar e proteger esses tesouros arqueológicos, que não apenas contam a história de um povo, mas representam uma conexão única entre o passado e o presente da Austrália.

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