Saída dos EUA da OMS prejudicará combate a doenças

Por Redação
3 Min

A retirada dos Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde (OMS) está gerando preocupações sobre o impacto que essa decisão terá no combate às doenças em todo o mundo, principalmente em zonas de conflito. A justificativa dada pelo governo de Donald Trump foi a suposta má gestão da pandemia de Covid-19 pela organização e os altos custos de financiamento, já que os EUA eram os maiores doadores.

Durante os anos de 2022 e 2023, os EUA repassaram cerca de US$ 1,2 bilhões (aproximadamente R$ 7 bilhões) para a OMS, sendo que 42% desse montante foi destinado ao controle de doenças no continente africano. Além disso, aproximadamente 14,8% foram direcionados aos esforços de erradicação da poliomielite em todo o mundo. A OMS, entidade financiada por países membros da ONU, conta com doações que representam atualmente dois terços de seu financiamento total.

Com a saída dos Estados Unidos, a OMS perde não só um grande financiador, mas também um dos principais articuladores da instituição desde o pós-Segunda Guerra Mundial. A organização lamentou a decisão e expressou a esperança de que Trump reconsidere a mesma. No entanto, a retirada do financiamento norte-americano já está gerando impactos negativos, especialmente nas regiões afetadas por conflitos armados.

É importante ressaltar que a OMS está trabalhando atualmente em 42 emergências de saúde ao redor do mundo, sendo que 17 delas estão em estágio 3, o mais grave. Países como Síria, Líbano, Ucrânia, Iêmen, República Democrática do Congo, Afeganistão e Palestina estão entre os mais afetados. A vice-presidente do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP) e professora da Faculdade de Saúde Pública, Deisy Ventura, alerta que a falta de financiamento dos EUA pode prejudicar ainda mais o combate às doenças nestas regiões.

Em entrevista à Folha de São Paulo, Deisy Ventura explicou que a retirada do financiamento norte-americano pode afetar a participação do país em negociações diplomáticas sobre saúde e também dificultar a presença de profissionais de saúde dos EUA em missões de saúde em outros países. A OMS estima que mais da metade dos voluntários em missões de saúde em 100 países são profissionais de saúde americanos. Porém, as mudanças decorrentes dessa decisão só deverão ser consolidadas a partir do próximo ano, conforme as regras do país.

Portanto, a saída dos Estados Unidos da OMS está causando um impacto significativo no combate às doenças, especialmente em zonas de conflito. A falta de financiamento e apoio dos EUA pode comprometer os esforços internacionais e colocar em risco a saúde de milhares de pessoas em todo o mundo. É fundamental que os demais países e instituições encontrem alternativas para suprir essa lacuna deixada pelos norte-americanos e garantir que os programas de saúde global continuem funcionando de forma eficaz.

Curtiu? Siga o Candeias Mix nas redes sociais: Twitter, Facebook, Instagram, e Google Notícias. Fique bem informado, faça parte do nosso grupo no WhatsApp e Telegram.
Compartilhe Isso