Cigarros eletrônicos mudam composição da saliva, elevando o perigo de problemas bucais

Por Redação
3 Min

Está cada vez mais comum o crescimento da popularidade dos cigarros eletrônicos, conhecidos como vapes. Estima-se que cerca de 20% dos jovens adultos no Brasil já experimentaram esses dispositivos, originalmente criados para auxiliar na cessação do tabagismo. No entanto, estudos científicos têm apontado que os cigarros eletrônicos não auxiliam na parada de fumar e, na verdade, aumentam a dependência de nicotina e causam danos à saúde.

Pesquisas recentes realizadas no Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (ICT-Unesp), com a colaboração de universidades brasileiras e espanholas, revelaram que os vapes alteram a composição da saliva dos usuários, elevando o risco de doenças bucais, como cáries e doença periodontal. Essa pesquisa, financiada pela FAPESP, teve resultados publicados no International Journal of Molecular Sciences e fez parte do trabalho de doutorado de Bruna Fernandes do Carmo Carvalho.

Os participantes do estudo foram jovens com e sem uso recorrente de cigarros eletrônicos, fornecendo amostras de saliva para análise. Os resultados demonstraram altas concentrações de cotinina entre os usuários de vapes, bem como a identificação de metabólitos salivares específicos desse grupo. Esses metabólitos podem se tornar biomarcadores potenciais para identificar precocemente alterações de saúde relacionadas ao uso de cigarros eletrônicos.

Além disso, observou-se que os usuários de vapes apresentaram fluxo salivar reduzido, menor viscosidade da saliva, e níveis elevados de monóxido de carbono exalado. A pesquisa também revelou altas taxas de consumo de álcool entre os usuários de cigarros eletrônicos, o que representa um risco adicional para a saúde bucal e geral desses indivíduos.

Analisar a saliva é fundamental, pois é um biofluido essencial para a saúde oral, atuando como barreira protetora e neutralizando ácidos prejudiciais. A coleta de amostras de saliva é um procedimento simples, não invasivo e de baixo custo, tornando-se uma técnica promissora para identificar biomarcadores de problemas de saúde.

Os resultados dessas pesquisas reforçam a preocupação com o consumo de cigarros eletrônicos, especialmente entre os jovens. A indústria desses dispositivos os torna atraentes e acessíveis, mas os riscos para a saúde são significativos, aumentando a dependência de nicotina e contribuindo para problemas como infarto e AVC em idade mais jovem. A conscientização sobre os perigos dos cigarros eletrônicos é essencial para proteger a saúde pública.

Informações da Agência FAPESP

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