A poluição do ar está associada ao declínio na saúde do sistema respiratório e a mortes prematuras. E quando pensamos nos fatores responsáveis por isso, frequentemente associamos a poluição às emissões que saem do escapamento dos carros devido ao combustível (e com razão). Mas ela não é a única: um estudo publicado este mês revelou que a “poeira de freio” é ainda mais prejudicial aos pulmões.
E piora: a adesão de veículos elétricos não resolve esse problema, já que a frenagem por fricção (a mais comum) continua emitindo a poeira de freio.
Um estudo publicado em fevereiro no Particle and Fibre Toxicology revelou que a poeira vinda das pastilhas de freio é ainda mais agravante da poluição do ar e ainda mais prejudicial aos pulmões do que as emissões do escapamento.
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Dois dos autores do estudo, James Parkin e Matt Loxham (ambos da Universidade de Southampton), explicaram em artigo no site The Conversation que a poeira de freio a qual o trabalho se refere é a poeira produzida pelo desgaste da estrada, pneus e freios do carro. Segundo eles, esse já é o principal tipo de emissão do transporte rodoviário, superando as emissões causadas por combustível em muitos países na Europa.
Veja como funcionou a pesquisa:
– Para obter esses resultados, a equipe cultivou em laboratório células que imitam o revestimento do pulmão;
– Então, expuseram as células à poeira de freio e à poeira de escapamento de diesel;
– A poeira de freio se mostrou significativamente mais prejudicial às células, afetando fatores ligados a doenças pulmonares como câncer e asma.
Poeira de freio não tem regulamentação
Ao contrário das emissões tradicionais (aquelas que saem do escapamento), a poeira de freio não tem uma regulamentação abrangente. Os autores chamam a atenção para a necessidade de começar a considerar esse tipo de poluição.
Uma saída seria reformular as pastilhas de freio para reduzir os impactos à saúde. Isso porque eles descobriram que, ao remover o cobre da poeira, os efeitos tóxicos foram diminuídos, sugerindo que o metal está associado às propriedades nocivas.
Eles também destacaram como, no Reino Unido, as pastilhas de freio analisadas continham amianto, que foi proibido por lá em 1999 justamente devido às associações com problemas pulmonares.
Carros elétricos não resolverão a questão da poluição
O trabalho também lembrou que os carros elétricos não resolverão todo o problema da poluição do ar. A transição para veículos livres de emissões não elimina a poeira de freio, da estrada e nem dos pneus.
Na verdade, piora: estudos indicaram que, por serem mais pesados, os elétricos podem gerar ainda mais poeira.
Uma possível medida para minimizar essa poluição é a frenagem regenerativa, em que o motor atua como um gerador e desacelera o carro. No entanto, apesar de já ser adotada por alguns modelos, o método principal continua sendo a frenagem por fricção.