O governo da Dinamarca decidiu proibir a entrada de celulares nas escolas de todo o país, uma medida que marca uma reviravolta na posição inicial da primeira-ministra Mette Frederiksen. A mudança de ideia da premiê ocorreu após a divulgação do parecer de uma comissão formada para debater o assunto.
A referida comissão foi criada no final de 2023 e apresentou seu relatório final na última terça-feira (25). Diversos especialistas se reuniram para discutir a crescente insatisfação entre crianças e jovens dinamarqueses. Além da proibição dos aparelhos em ambientes escolares, o grupo também recomendou que crianças menores de 13 anos não possuam seu próprio smartphone ou tablet.
Ainda não foi definida a forma como a fiscalização será realizada, nem mesmo a data de início para as novas regras. As autoridades, no entanto, estão empenhadas em implementar as medidas o mais rapidamente possível. O ministro da Infância e da Educação, Mattias Tesfaye, afirmou que o governo está preparando uma emenda legislativa que, antes de ser oficializada, precisará ser analisada e votada pelo parlamento.
Essa decisão tomada pela Dinamarca segue uma tendência europeia de preocupação com a saúde mental dos jovens. Outros países europeus têm adotado regulamentações mais rígidas em relação ao acesso de crianças a telefones e mídias sociais nos últimos meses. A Austrália, por exemplo, vai proibir menores de 16 anos de utilizarem redes sociais, enquanto o Brasil já estabeleceu limitações para o uso de smartphones nas escolas públicas e privadas.
O relatório da comissão dinamarquesa apresentou 35 recomendações para melhorar o bem-estar dos jovens, incluindo a proposta de uma lei federal que proíba telefones nas escolas e atividades extracurriculares após as aulas. Os especialistas alertam para a digitalização excessiva da vida das crianças e jovens, destacando a importância de equilibrar o uso entre a vida digital e analógica.
Foi identificado que 94% dos jovens dinamarqueses criam um perfil em uma mídia social antes dos 13 anos, em desrespeito às regras das plataformas que estabelecem uma idade mínima para inscrição. Além disso, foi mencionado no relatório que crianças dinamarquesas de 9 a 14 anos passam, em média, três horas por dia no TikTok e no YouTube, com o uso excessivo das redes aumentando a exposição a comportamentos inadequados.
O ministro da Infância e da Educação, Mattias Tesfaye, enfatizou a importância de definir limites para os jovens e resgatar a escola como um espaço educacional, afastando os dispositivos eletrônicos. Ele adiantou que a nova lei deverá fazer exceções para crianças com necessidades educacionais especiais, mas para os demais, os celulares e tablets pessoais não serão permitidos na escola, nem mesmo durante os intervalos.
Em contrapartida ao que está ocorrendo na Dinamarca, no Brasil, a legislação não proíbe os jovens de levarem seus celulares para a escola, mas estabelece que devem permanecer guardados dentro do estabelecimento de ensino. A preocupação com a saúde mental e física de crianças e adolescentes também está presente na lei brasileira, que entrou em vigor recentemente.
A proibição do uso de celulares nas escolas é uma tendência marcante em diferentes partes do mundo, demonstrando a crescente preocupação com os efeitos do uso excessivo de tecnologia na vida das novas gerações. A busca por um equilíbrio entre a vida digital e a vida analógica se torna cada vez mais essencial para garantir o bem-estar e o desenvolvimento saudável dos jovens.