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Técnica Inovadora e Não Invasiva Avalia Composição Corporal de Peixes Vivos com Mais Precisão e Menor Custo

Por Redação
4 Min

Medida da Composição Corporal de Peixes Vivos com DXA: Avanços na Pesquisa Aquícola

Pesquisadores brasileiros desenvolveram uma abordagem inovadora para medir a composição corporal de peixes vivos, como pacu (Piaractus mesopotamicus) e tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus), utilizando a técnica de absorciometria de raios X de dupla energia (DXA). Esta tecnologia moderna substitui o método tradicional de abate, oferecendo benefícios significativos para a pesquisa em aquicultura.

A pesquisa foi realizada por equipes do Centro de Aquicultura da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Jaboticabal, e da Universidade Brasil de Fernandópolis. Publicado na revista Aquaculture, o estudo confirma que a técnica DXA não só oferece uma análise mais precisa e rápida, mas também reduz os custos operacionais associados à avaliação da composição corporal dos peixes.

Como Funciona a Técnica DXA?

A DXA, amplamente utilizada para avaliar densidade óssea em humanos, foi adaptada para peixes, mostrando alta precisão na análise de proteínas, gordura, água, matéria mineral e peso total em diferentes estágios de crescimento. Essa abordagem também permite medir a área dos peixes, o que é fundamental para estudos sobre peso metabólico.

O procedimento envolve anestesiar o peixe, posicioná-lo na máquina, realizar o escaneamento (que dura de 6 a 10 minutos) e, em seguida, retornar o animal ao viveiro para continuar a observação.

Vantagens da Abordagem Não Invasiva

A técnica de DXA representa um grande avanço na pesquisa aquícola, pois é menos invasiva do que os métodos tradicionais que exigem a morte dos animais para a avaliação de sua composição corporal. De acordo com João Batista Fernandes, pesquisador do Centro de Aquicultura da Unesp e coautor do estudo, "a DXA possibilita análises repetidas do mesmo peixe ao longo do tempo, permitindo um acompanhamento detalhado do crescimento e desenvolvimento dos animais sem causar danos".

Entretanto, o alto custo do equipamento, que varia entre US$ 50 mil e US$ 100 mil, pode dificultar sua adoção em larga escala. Para otimizar o uso, a Unesp Jaboticabal compartilha o aparelho entre diferentes projetos de pesquisa na universidade e colabora com outras instituições, ampliando seu impacto na pesquisa.

Impactos na Nutrição e Melhoramento Genético de Peixes

A aplicação da DXA é especialmente relevante em estudos de nutrição, reprodução e melhoramento genético. Fernandes destaca que "podemos avaliar a composição química corporal – proteínas, gordura, minerais e água – sem sacrificar os animais. Isso é crucial para trabalhos de nutrição e seleção genética a longo prazo". Esta técnica já é uma prática comum em estudos com suínos e aves.

Além de pacu e tilápia-do-nilo, a técnica será expandida para outras espécies comerciais, incluindo tambaqui (Colossoma macropomum), pirarucu (Arapaima gigas) e matrinxã (Brycon cephalus).

Os autores ressaltam que "a DXA é uma ferramenta valiosa para investigar fatores que influenciam a composição corporal, apoiar a definição de estratégias nutricionais e avaliar peixes em ambientes de água doce ou salgada, além de espécies ameaçadas de extinção, sem a necessidade de abate".

Apoio e Acesso ao Estudo

O estudo recebeu apoio da FAPESP por meio do projeto “Modelagem da produção e das exigências nutricionais de aves e peixes” e da bolsa de pós-doutorado de Cleber Fernando Menegasso Mansano, primeiro autor do estudo.

Para mais detalhes, acesse o artigo Evaluation of dual-energy X-ray absorptiometry (DXA) technique for the determination of body composition of Pacu and Nile tilapia in vivo disponível em: www.sciencedirect.com.

Informações da Agência FAPESP

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